Trabalhadores Obsessivos
Os
americanos chamam de workoholic (superdependente de trabalho), homologia com
alcoholic, como se fosse um dependente químico de bebida, o alcoólico. Seria a
mesma coisa? A dependência de álcool é, além de psicopatia, sociopatia; é, além
de doença individual, enfermidade coletiva, afeta a comunidade.
Mas,
em que trabalhar obsessivamente prejudicaria a sociedade? É uma compulsão
psicológica, claro, é certo, é transparente que é mesmo. Entretanto, aquele
trabalho vai beneficiar a coletividade. Prejudicaria as pessoas (indivíduos,
famílias, grupos e empresas)? Às empresas não, porque elas adoram o lucro e
trabalho em excesso só pode significar mais dinheiro entrando no caixa. E se a
empresa é própria, maior é ainda o lucro.
Quanto
aos grupos, às famílias e aos indivíduos ao redor, estes ficam privados da
presença do supertrabalhador, mas é só aprender a aproveitar melhor o tempo que
ele (ou ela) oferece. Se a pessoa supertrabalha, para quê ainda por cima
angustiá-la com reprimendas? Não seria o caso de dar-lhe apoio, compreensão,
sustentação, até que passe a fase? Ou, se durar para sempre, o tempo inteiro?
Creio que deveria ser desenvolvido programáquina que tutelasse essa gente.
Serão os 2,5 % do modelo, no mundo 150 milhões de pessoas? Acaba até por ser
uma dádiva, para momentos em que seja preciso superconcentrar alguns numa
tarefa urgentíssima. Se a Natureza preparou essa gente, alguma utilidade terá.
Quanto
a doenças do estresse, o supercansaço, será que essa gente não foi dotada de
defesas próprias? Os médicos e biólogos, e os psicólogos e psiquiatras
estudaram a questão de perto, e, principalmente, A FAVOR? Em vez de rejeitar
procuraram arranjar soluções condignas?
Porque,
como toda certeza, não se trata de egoísmo, como é o caso da bebida, do fumo,
das drogas em geral, até da superalimentação – é o contrário, é altruísmo, a
doação compulsiva aos outros. Em vez de criticar, o que está sendo feito para
ajudar?
Vitória,
quarta-feira, 11 de dezembro de 2002.
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