segunda-feira, 16 de janeiro de 2017


Terra do Nunca

 

                            Acho que todos nós temos um pouco de Peter Pan, o imperador da Terra do Nunca. Não é o reizinho oficialmente, mas na prática é-o, com uma ciumenta fada madrinha, a Sininho, que é pequena e turrona, zelosa de seu amor desproporcional, consorte até ser desbancada.

                            A IDENTIFICAÇÃO DA TERRA DO NUNCA

·        Dor e sofrimento nunca

·        Nunca falta de dinheiro

·        Compromisso, nunca

·        Responsabilidade, nunca

·        Guerra, nunca, nunca mesmo

·        Nunca gente ruim

·        Nunca choques com os colegas e chefes pentelhos

·        Nunca ser recusado, nunca padecer de carência, etc.

Mas o mundo não é assim, a infância não dura para sempre. Contudo, todas as doenças provêm de NUNCA. A fuga que é a loucura, a negação dos compromissos, o não-enfrentamento que faz assomar os problemas, a esquizofrenia, o fanatismo religioso, a poliglossia (a pessoa não consegue falar em sua própria língua, então busca falar “em línguas estrangeiras”), a incorporação de espíritos, etc., tantos e tantos anúncios de nossas fugas. Não há teses de mestrado e doutorado sobre as fugas, que são tantas, nem plena identificação delas; não há rastreamento PORQUE seria chocante para todos e cada um ver que estamos sempre escapulindo, escapando do que é exigido de nós, inclusive eu. É como diz o Senhor Krishna no Mahabarata, quando estimula Arjuna a batalhar e este reclama que seria contra os parentes, os irmãos, os professores, ou seja, suas preferências, seus gostos. Ah, nós somos muito autocomplacentes. Demais. Porém, uma hora isso deve terminar e devemos fazer os enfrentamentos. Uma hora isso deve terminar e devemos faz o enfrentamento de frente, doa em quem doer, até mesmo em nós.

Vitória, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002.

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