Terra do Nunca
Acho
que todos nós temos um pouco de Peter Pan, o imperador da Terra do Nunca. Não é
o reizinho oficialmente, mas na prática é-o, com uma ciumenta fada madrinha, a
Sininho, que é pequena e turrona, zelosa de seu amor desproporcional, consorte
até ser desbancada.
A
IDENTIFICAÇÃO DA TERRA DO NUNCA
·
Dor
e sofrimento nunca
·
Nunca
falta de dinheiro
·
Compromisso,
nunca
·
Responsabilidade,
nunca
·
Guerra,
nunca, nunca mesmo
·
Nunca
gente ruim
·
Nunca
choques com os colegas e chefes pentelhos
·
Nunca
ser recusado, nunca padecer de carência, etc.
Mas o mundo
não é assim, a infância não dura para sempre. Contudo, todas as doenças provêm
de NUNCA. A fuga que é a loucura, a negação dos compromissos, o
não-enfrentamento que faz assomar os problemas, a esquizofrenia, o fanatismo
religioso, a poliglossia (a pessoa não consegue falar em sua própria língua,
então busca falar “em línguas estrangeiras”), a incorporação de espíritos,
etc., tantos e tantos anúncios de nossas fugas. Não há teses de mestrado e
doutorado sobre as fugas, que são tantas, nem plena identificação delas; não há
rastreamento PORQUE seria chocante para todos e cada um ver que estamos sempre
escapulindo, escapando do que é exigido de nós, inclusive eu. É como diz o
Senhor Krishna no Mahabarata, quando estimula Arjuna a batalhar e este reclama
que seria contra os parentes, os irmãos, os professores, ou seja, suas
preferências, seus gostos. Ah, nós somos muito autocomplacentes. Demais. Porém,
uma hora isso deve terminar e devemos fazer os enfrentamentos. Uma hora isso
deve terminar e devemos faz o enfrentamento de frente, doa em quem doer, até
mesmo em nós.
Vitória,
segunda-feira, 16 de dezembro de 2002.
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