quarta-feira, 11 de janeiro de 2017


Testes Viciados

 

                            Chamei os atualmente conhecidos testes de QI (quociente de inteligência) de testes QIMC (de inteligência, memória e controle).

                            Suponha que a pessoa seja uma caixa preta, um paralelepípedo de 3 x 4 x 5 metros = 60 m3. De quê? As pessoas fazem testes, perguntas dirigidas que tentam extrair respostas de dentro do desconhecido, a caixa preta. As personalidades são extraordinariamente complexas. Dentro estão bolas de gude, bolas de futebol, quarks ou o quê, se dissermos que o espaço está preenchido? Se adicionarmos que as bolas são coloridas valeria para os três, pois os quarks, pela cromodinâmica quântica, possuem cores, sabores.

                            Suponha que as medidas de capacidade (e não só de inteligência) tenham quatro lados, como num quadrado. A pessoa estar perto de um deles torna-a capacitada, segundo aquela medida de proximidade, mas pela oposta está em falta, e assim por diante, se dissermos que cada lado tem o seu oposto, que é também utilitário.

                            As medidas, obviamente, sendo feitas segundo as preferências do dominante racional ou políticadministrativo num dos modos (Escravismo, Feudalismo, Capitalismo, Socialismo, Comunismo e Anarquismo) vão retratar quão próxima está a pessoa (indivíduo, família, grupo ou empresa) de se sentir satisfeita nele e quanto produz PARA ELE. Se um indivíduo tem alma de capitalista se sentirá ótima nesse sistema e manifestará tudo. Isso nos faz pensar que os testes de QI mensuram O QUE É SATISFATÓRIO para a sociedade branca, anglo-saxã, masculina, cristã, século 20, muito avançado, mas que é o mais atrasado de todos os que estarão na frente. As perguntas que são feitas PUXAM naquela direção e sentido, afastando as demais manifestações como inconvenientes. Se os TQI tivessem surgido na Turquia, que é muçulmana e não-européia certamente outras solicitações seriam feitas, com resultados diversos. Numa comunidade socialista de segunda onda seria igual que nesta capitalista de terceira onda? Só Deus posto além do poço infinito na Tela Final, vendo A Verdade, quer dizer, a definição autocompatível de TODAS AS COISAS e assim podendo julgar sem qualquer preconceito, realmente poderia medir sem favorecer ou desfavorecer alguém.

                            O dominante, ao estabelecer as regras para o dominado, vê seus próprios interesses, PORQUE OS ENCARNA, isto é, está dentro deles e os expressa EM TUDO. Assim sendo, ao fazer as perguntas expressa ou manifesta o que é importante, por exemplo, colocar figuras nos contramoldes em certo tempo mínimo. Isso seria realmente importante? Se as mulheres os homens são mesmo, como nos diz o Modelo da Caverna, duas almas diferentes, como podem ser medidos pela mesma métrica?

                            Se segue que o dominante faz as perguntas que são fáceis para o grupo de dominantes. E estes respondem o que já está convencionado como fácil e adequado a eles. É uma adequação dupla, de quem faz as perguntas e de quem responde. Automaticamente, ao escolher esta ou aquela pergunta, inclina-se para suas vontades, para o que acha importante e fundamental, descartando justamente aquelas coisas que estariam em ângulo com suas predileções. Todo desvio ou angulação seria considerada “errada”, desde logo. Entrementes, a comunidade chinesa, que professa outros valores, não foi capaz também de produzir civilização, e alta civilização? Os caminhos para chegar até a convergência da Tela Final são os de uma pirâmide que aponta o vértice – são muitos; de qualquer modo pode-se chegar. Um que é seja altura da pirâmide é o mais curto, mas nem porisso o melhor, assim como uma estrada reta (como a BR 101 Norte, a partir de Vitória/ES) pode provocar muitos acidentes, enquanto uma curva (como a BR 262, idem), exigindo muita atenção por passar pelas montanhas, com às vezes pirambeiras de um e outro lado, quase não provoca acidentes, porque os motoristas vão mais devagar.

                            O QUE ESTÁ SENDO MEDIDO?

                            Essa deveria ser a primeira pergunta.

                            QUEM MEDE? Com que interesse de classe? Testando o quê da Psicologia (testes de figuras ou psicanálise; testes de objetivos ou psico-síntese; testes de produção ou economia; testes de organização ou sociologia; testes de espaçotempo ou geo-história)? Com que fim? Quem diz que o modo ocidental hoje, de todo ano fazer tantos produtos, é o melhor? Podemos estar produzindo 100 milhões de televisores por ano e isso estar nos afastando uns dos outros e dos nossos filhos e filhas e pais e mães, além dos amigos.

                            Enfim, TODO TESTE é viciado, desde o começo, pelas preferências variadas por isso e aquilo. Eles só servem mesmo para sobrepor uns aos outros. São instrumentos de domínio e segregação políticadministrativa pessoambiental governempresarial. Embora precisemos deles nas escolas, algum cuidado deveria haver PARA APROVEITAR TALENTOS DIVERGENTES, não-conformistas com o modo atual de ser da coletividade, porque nem sempre ele é o melhor, pode estar levando a um beco sem-saída. Os testes pedagógicos da Vida da Escola, teórica, SEPARAM, ISOLAM os divergentes, os que poderiam prover críticas salvadoras. ELES CONFIRMAM UMA ÚNICA LINHA DE DESENVOLVIMENTO. Veja, eles não orientam para os valores africanos, asiáticos, indígenas – só para os valores europeus. Creio que deveriam existir QUADRO PEDAGOGIAS, uma pedagogia negra, uma pedagogia branca, uma pedagogia vermelha e uma pedagogia amarela, com os respectivos ensinamentos dos continentes e dos fazeres de cada geo-história. Assim nos escoraríamos em quatro oportunidades de sobrevivência (mais os encontros) e não numa só.

                            TODOS OS TESTES e os prêmios correlatos (Nobel, Oscar, esportivos) são viciados e segregadores e deveriam ser encerrados, se tivéssemos os instrumentos de aprendizado mais perfeitos. Não temos, infelizmente, porisso algo deve ser feito para continuarmos adiante. Só que não precisa ser com a atual brutalidade castradora.

                            Vitória, sábado, 30 de novembro de 2002.

Nenhum comentário:

Postar um comentário