segunda-feira, 16 de janeiro de 2017


Tecnociência do Diálogo

 

                            Gerd A. Borheim diz em seu livro Dialética (Teoria Práxis), Porto Alegre, Globo, São Paulo, USP, 1983, p.153: “Mas dizíamos que há autores que definem e delimitam o ser na dialética de diversas maneiras – afirmam que a dialética é isto e aquilo, determinando assim o seu ser a partir de um ente preciso. Dizem, por exemplo, que a dialética é a arte do diálogo, ou que ela é uma lei. E com tais delimitações a questão se torna ‘clara’”, colorido meu.

                            No modelo o Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/ideologia e Ciência/Técnica, e Matemática pelo centro) geral tem na tecnociência uma pontescada que está repetida em níveis mais baixos e menos precisos nas demais duplas. A pontescada científica abre-se em: Física/Química, Biologia/p.2, Psicologia/p.3, Informática/p.4, Cosmologia/p.5 e Dialógica/p.6. A Dialógica geral reparte-se em Lógica, monal, direta, e Dialética, dual, relacional.

                            Por quê ela seria um Conhecimento e não o centro dos conhecimentos todos? A razão, que me parece óbvia, é que algo deve ficar de fora, ser referência sem ser referenciado, por exemplo, o centro de uma esfera, que é centro para todos os pontos, menos para si mesmo, POIS É O CENTRO, assim como deve existir UM, e somente um, que seja ABSOLUTO e não relativo, que seja realmente livre, e não portador de livre arbítrio recolhível – um apenas para quem a liberdade seja inerente, Deus, que é idêntico a isso a que demos o nome impróprio de Matemática.

                            Então, a Dialética (e a Lógica) está abaixo da Matemática. Existe uma dialética mágica/artística e uma dialética científica/técnica. Em geral falo apenas desta última, a tecnociência do diálogo (que tem uma porção lógica, direta, não-relacional, não se esqueça). Ela é uma arte, a Dialética? É, é uma magicarte, há uma dialética magicartística, como há outra teorreligiosa, uma filoideológica e uma tecnocientífica.

                            Embora falemos correntemente de LEIS CIENTÍFICAS, elas não podem ser leis mesmo, porque só o seriam as da Tela Final, onde Deus se posta, PORQUE todas leis correlativas absolutamente co-respondentes, fechadas numa solução definitivamente geral, total. Essas seriam leis, de fato. Mas dizemos que as chamadas “leis científicas” são leis também, ainda que estejam sujeitas a comprovações sucessivas, como diz Popper. Submetem-se à testabilidade e à refutabilidade, ao passo que as leis da TF não o fariam, são mesmo leis absolutas, centrais.

                            Se a dialética é relacional, se depende de relações, então ela não é final, é intermediária. Ela não é matemática, é dos conhecimentos onde ainda existe pontescada, é subida e avanço, ao passo que a Matemática, a geometrialgébrica é terminal, nada há adiante de mais provável. O simples 2 + 2 = 4 é assim desde sempre e para sempre. Posto que se dê um plano, dele duas retas paralelas não têm (nem no infinito) um ponto comum, porisso por dois pontos só se pode traçar uma reta. As leis da Matemática são de fato Leis da TF.

                            Se segue que o ser da dialética especial e da Dialética geral é arte, é técnica, é tudo que está na pontescada, MAS NÃO É LEI, pelo menos lei definitiva. É lei provisória, sujeita a testes contínuos, mas não é Lei determinante, decisiva, categórica, peremptória.

                            Vitória, quarta-feira, 11 de dezembro de 2002.

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