Sugestões ao Lula
Pela
primeira vez votei em presidente, no primeiro turno, no Lula. Não tenho
esperanças de que possa fazer muita coisa, são 500 anos de arrastamento de
formidável massa de débitos populares da burguesia contra apenas quatro de
presidência do primeiro presidente operário, não-elitista. As chances dele são
de 1/500 no primeiro ano a 1/125 no quarto. Como eu disse a amigos, nos seis
primeiros meses as burguesias (interna e externa) estarão contidas pela votação
de 60 % nele, contra 40 % no Serra. Até 10 % das direitas (não existe uma só)
votaram nele, porque o segundo turno é sempre de oposição política total entre
esquerda e direita.
Então,
antes de começar a propaganda eleitoral do primeiro turno, fui à sede do PT em
Vitória, lá na Ladeira São Bento, e dei ao Coser, presidente do partido, umas
idéias: que o Lula deveria deixar de ser metido, ou aparentar isso, e ser mais
humilde, demonstrando simplicidade, tirando o terno, etc. Depois dele ganhar,
fui novamente levar umas sugestões, que estão colocadas em anexo, as quais
duvido tenham tido tempo de aproveitar em 20 e poucos dias entre os resultados e
a nova consulta às urnas.
Disse
que das vezes anteriores o Lula se deixou fotografar no Waldorf Astoria, em
Nova Iorque, um dos hotéis mais caros do mundo, com quartos a mil dólares o dia,
deitado numa cama imensa, refestelado como um paxá. Depois, numa outra eleição,
foi fotografado caminhando sozinho numa estrada, sem ninguém à direita, ninguém
à esquerda, ninguém à frente e ninguém atrás.
Penso
que muita gente quer dar sugestões que facilitem o governo do PT, que vai haver
uma enxurrada de sugestões e que elas tendem a ser ignoradas, em nome de uma
sabedoria absoluta do partido e suas lideranças “históricas” (história de 20 e
poucos anos). Essa negação magoará fatalmente a cada um e talvez a todos. Ao
contrário, como sugeri no texto deste Livro, Secretaria das Sugestões,
elas deveriam ser aceitas, após triadas e catalogadas, postas então num painel.
Nenhum mal faria ao PT, ao governo federal, e faria imenso bem poder se pensar
sendo ouvido e, quiçá, um e outro, atendido.
A
tendência, contudo, é que o orgulho do novo rico o faça pensar-se
auto-suficiente, o que será uma pena, porque tanto foi apostado.
Vitória,
terça-feira, 12 de novembro de 2002.
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