quarta-feira, 18 de janeiro de 2017


Ser Terceiro Mundo

 

                            As pessoas em geral pensam que acabar com o terceiro mundo no Brasil e fazê-lo migrar ao primeiro mundo seria o equivalente a acabar com as favelas. Se, por mágica, todas as favelas e lixões fossem urbanizadas teríamos passado ao primeiro mundo?

                            Não, porque É DE TERCEIRO MUNDO TODA A PSICOLOGIA (figuras ou psicanálises brasileiras, objetivos ou psico-sínteses brasileiras, produções ou economias brasileiras, organizações ou sociologias brasileiras, e espaçotempos ou geo-histórias brasileiras) de todas as pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundo) brasileiros, por suas identidades com a pobreza corpomental de terceira. O gesto superior de um burguesinho; a suprema ignorância das leis quando se trata do confronto entre elites e povo, sempre favorecendo aquelas; o custo superior do dinheiro para o povo, que vive em grilhões dos juros capitalistas-financeiros; a exclusão social quanto a vagas universitárias para os provindos de escolas públicas. Tantas e tantas coisas que denotam a terceira-imundície que é o Brasil.

                            Não é apenas a falta de esgotos, nem as palafitas, nem os barracos minúsculos de tábuas, nem estar abaixo do definido limiar de pobreza, é todo um conjunto de atitudes e tratamentos entre as pessoas, entre os governos e as pessoas, entre governos e empresas, entre empresas e pessoas. É TODO UM JEITO DE SER E DE ESTAR. Como eu disse no modelo, passar ao primeiro mundo significa PASSAR EM TUDO. Se apenas uma porção passa, então o país inteiro não foi. É preciso ter consciência do que é ser líder. Acabar com as favelas não pode ser por mágica – deve corresponder a um esforço socioeconômico DE FUNDO, total mesmo, completa reconscientização de todos os agentes políticadministrativos governempresariais pessoambientais.

                            Vitória, quinta-feira, 19 de dezembro de 2002.

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