Robôs Assassinos
Michio
Kaku diz em seu livro Visões do Futuro (como a ciência revolucionará o
século XXI), São Paulo, Rocco, 2001, p. 164: “Os escritores de ficção
científica, como Isaac Asimov, tentaram desconsiderar a capacidade dos robôs de
assassinar seus senhores humanos mediante a codificação de três ‘leis’ da
robótica a serem diretamente introduzidas no programa dessas máquinas. São
elas: 1) Um robô não pode prejudicar um ser humano ou, por inação, permitir que
um ser humano sofra algum dano. 2) Um robô deve obedecer às ordens que lhe são
dadas por seres humanos, exceto quando tais ordens conflitarem com a Primeira
Lei. 3) Um robô deve proteger sua própria existência, contanto que tal proteção
não entre em conflito com a Primeira ou com a Segunda Lei”.
A
par dos argumentos de Kaku, há a ilogicidade das “leis” de Asimov, que podemos
mostrar de passagem, antes de nos dirigirmos ao argumento principal e
definitivo.
Suponha
que um robô defenda um ser humano qualquer, A, contra outro, B, evitando que o
primeiro morra, mas com seu ato causando a morte do segundo. Se A e B estão em
oposição total, por definição, defender A é causar a morte de B. Então há um
choque inultrapassável, um loop, um laço, uma petição de princípio, uma volta
que consumirá os circuitos de lógica.
Imagine
que outro robô defenda um ser humano, um assassino, impedindo que (onde exista
a pena de morte, o que é deplorável) seja morto pelo Estado; e que esse
assassino, saindo dali, cause a morte de outros – a inação não teria implicado
em danos a outros seres humanos? Pior, pense nele recebendo a ordem direta de
um carcereiro, que pela segunda lei ele deve obedecer, causando mal (mas sem o
saber de imediato), o que é vetado pela primeira lei. E assim por diante,
existem inúmeras falhas possíveis, que a gente nunca investiga, pois deveria
parar de ler a fantasia tecnológica, dita FC.
O
argumento definitivo é este: existindo o par polar oposto/complementar
morte/vida, é seguro dizer que todos os seres novos (robôs, computadores inteligentes,
ciborgues, andróides e os seres expandidos: macacos, golfinhos, baleias,
elefantes e seres humanos) matarão. Aliás, devemos pensar que há dois lados no
dicionário, o lado ruim e o lado bom, e os novos seres todos transitarão por
ambos. Existirão delegacias para cada um deles, com detetives de todos os tipos
de novas memorintenligências. É fatal, até rende novas linhas de construção de
FC. E não adianta preparar qualquer defesa prévia, PORQUE ser inteligente é ser
solucionador de problemas. O núcleo de uma definição útil de inteligência seria
esse.
Vitória,
quarta-feira, 16 de outubro de 2002.
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