domingo, 15 de janeiro de 2017


Reconstrução das Almas

 

                            No filme italiano O Quarto do Filho, zombam com muita sutileza dos psicanalistas e da psicanálise, com muita justeza, também. Muito engraçado.

                            Acontece que no modelo as pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundo) podem ser objeto da Psicologia (psicanálise de figuras, psico-síntese de objetivos, economia de produções, sociologia de organizações e geo-história de espaçotempos), reconduzindo-as (sempre provisoriamente, os conjuntos mudam diferencialmente, interferem uns com os outros, trocam informação-controle ou comunicação, info-controle, IC de saúde e de doenças). O mundo é uma soma zero de ∑ = 0 = C + O = CRISE + OPORTUNIDADE.

                            Então, os psicólogos deveriam relocar as pessoas nos seus ambientes, numa das 6,5 mil profissões, numa das classes do TER (ricos, médios-altos, pobres e miseráveis), numa das classes do labor (operários, intelectuais, financistas e militares, e burocratas pelo centro), numa das classes da Economia (agropecuaristas/extrativistas, industriais, comerciantes e de serviços, e bancários), estudando a melhor Bandeira Elementar (ar, água, terra/solo e fogo/energia, e no centro Vida, no centro do centro Vida racional) e a melhor Bandeira da Proteção (lar, armazenamento, saúde e segurança e transporte).

                            Um psicólogo não pode ser essa criatura simplista e simplificadora até a exaustão que existe agora, esse deficientíssimo PROGRAMADOR DE ALMAS que sabe só essas teorias que emergiram desde 100 anos atrás, através de Freud e outros. Isso é muito pouco, é pouco demais.

                            Será adequado aquele espaço em que vive a pessoa? É o bairro apropriado, é a luz certa, a aeração correta, o DESENHO DE PROTEÇÃO é próprio, ela se situa no mais produtivo dos grupos, a sua família a potencializa ou seria melhor ela se afastar? Qual é o melhor DESENHO DE ALMA de determinada pessoa? Veja, os psicólogos não são PSICOPLANEJADORES (até porque a palavra não existia, criei-a agoraqui), eles não esboçam vidas novas, apenas vão levando com a boca, soltando as amarras, até que a alma ferida se cure por si mesma. Sentado ou deitado o indivíduo vai falando continuamente, enquanto o psicanalista vai puxando este ou aquele fio. Até simularam um computador “falando” com um paciente e ficou muito parecido.

                            Como pegar essa alma doente e orientá-la a outro espaçotempo, a outra produção, a outra organização, de modo que mudada sua figura, virando-se a outros objetivos dali venha ela a emergir como que uma borboleta maravilhosa donde antes só havia feia lagarta?

                            Os governempresas têm o maior interesse, fundamental necessidade de estimular a Psicologia a novos saltos REATIVOS e PROSPECTIVOS às novíssimas realidades mundiais que estão aparecendo, diante das quais são exigidas competências muito mais largas. A políticadministração não pode quedar-se ao abrigo das expectativas antigas, que não servem mais, que seriam intoleráveis diante dos imperativos novíssimos de modelação do futuro.

                            Se chegar a um consultório de psicólogo (dos ricos e médios-altos) ou de psiquiatra (dos pobres e miseráveis) qualquer esperança de cura, como esses profissionais farão para a satisfazer, delineando-lhe novos cenários cheios de pulsação, de vibração, de fogo, de alegria, de entusiasmo que não apenas nos devolvam sadio o antigo doente, como uma saúde que some, que multiplique, em vez de diminuir e dividir?

                            Evidentemente poucos podem pagar os altos custos dos psicanalistas, e pobres e miseráveis raramente são atendidos por eles, a menos de custeio governamental ou empresarial em raras situações. Eles não têm grande utilidade.

                            No entanto, poderiam ser de extrema serventia, desde que renovada a profissão para ser a de um re-programador das almas e de sua nova inserção na produçãorganização mundial.

                            Vitória, terça-feira, 10 de dezembro de 2002.

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