Quadro de Avisos
Certo
dia aparece um primeiro desenho de certa pessoa na porta da casa ou na entrada
do prédio, com uma data, em que ela efetivamente morre.
Isso
dá um filme.
A
seguir, pelo mundo inteiro começam a aparecer os avisos, alguns para logo,
outros para bem adiante, anos na frente. Isso para responder ao desejo de
alguns de saber de sua morte, porque parece uma coisa boa. Aqueles que recebem
o aviso com anos de antecedência começam a ser atacados pelos que vão morrer
logo: “por quê essa preferência? ” Ao passo que inicialmente livres os que vão
morrer bem adiante acham bom poder organizar os negócios. Entrementes,
principia um movimento de tentar evitar a morte de todo modo, o que, pela
dialética, só acaba por levar a ela.
Também
acontece de as pessoas pressionarem o governo pelo fim das fotos com datas, o
governo se mostrando impotente para tal. Começa um lento processo de
desobediência civil e corrosão da autoridade – quem mais quer trabalhar?
Debates intensos se dão. A mídia divulga amplamente, não há notícia mais
importante de início. As empresas de seguros vão a pique, há toda uma série de
desdobramentos, o roteirista pode pensar.
Vitória,
quarta-feira, 11 de dezembro de 2002.
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