Quatro Ricos
Podemos
dividir as classes do ter em ricos (A), médios-altos (B), médios-baixos ou
pobres (C) e miseráveis (D). Como passei a usar a margem estatística de erro de
5 % coloquei 2,5 % à esquerda como miseráveis, o extremo não-ter, e 2,5 % à direita,
o extremo ter. No meio estariam C, 47,5 %, e D, 47,5 %, perfazendo 100 %. À
parte essa discussão, podemos redividir os ricos em A1, A2, A3 e A4,
equivalendo aos de cima, AD, AC, AB e AA, estes os ricos entre os ricos.
Se
adotarmos os 2,5 % ou 1/40 numa população de 286 milhões para os EUA em 2001,
com renda estimada de US$ 9,7 trilhões no mesmo ano, 1/40 da população seriam
7,2 milhões (cerca de 1,8 milhões de famílias). Supondo que tenham 30 % da
renda, US$ 2,9 trilhões, somando cada pessoa 400 mil dólares por ano. Claro que
é preciso pegar os números corretos de participação, mas não vai estar muito
distante disso, pois houve enorme concentração de renda por lá, desde quando
Reagan entrou em 1980. Este texto, apesar de citar números, é qualitativo, uma
indicação de caminho, e não apontamento preciso de dígitos.
Na
mesma proporção, 1/40 de 7,2 milhões nos daria 180 mil detentores do superpoder,
com apenas 45 mil famílias mandando realmente nos EUA, com rendas que podem
chegar a, digamos, cinco milhões de dólares por pessoa por ano.
Agora,
essa partição pode continuar, de modo que teríamos em AAA apenas 4.500, num
círculo muito íntimo, como Weber mostrou, e num círculo ainda mais restrito
umas 100 pessoas que como AAAA (pois o modelo diz que podemos fazer quatro
divisões legítimas) de fato comandam tudo, se falam como irmãos, como amigos
totalmente íntimos, verdadeiro círculo de mistérios.
Ora,
eis algo de perigoso, de muito perigoso, a identificação e publicação dessa
casta de gerentes totais do parcialmente falso processo democrático. Não falso
de todo, porque funciona no nível em que está, mas falso no sentido de que quem
manda mesmo são esses poucos. E vai ser assim em toda parte, até onde, por ser
a população bem menor, não comporte as sucessivas divisões por 40.
Tal
processo nos ensinará algo: a procurar a fonte definitiva de todo poder
decisório. E onde as divisões não puderem ser feitas, penso eu, surgirão
ditadores que encarnarão aquele único do topo.
Vitória,
terça-feira, 19 de novembro de 2002.
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