domingo, 8 de janeiro de 2017


Psicologia Policial

 

                            A gente vê nos filmes americanos psicólogos, especialmente psicanalistas, trabalhando com os policiais. O modelo tem mais a dizer e a pedir. Naturalmente deveríamos ver a Psicologia toda (psicanalistas, psico-sintetizadores, economistas, sociólogos e geo-historiadores) investigando as figuras, os objetivos, as produções, as organizações e o espaçotempos, respectivamente.

                            Se, como disse Trotsky, os conjuntos mutam diferencialmente, criminosos, que são conjuntos deformados em relação às normas ou normalidades definidas socioeconomicamente, mutam diferencialmente também, isto é, a ritmos distintos, que deixam rastros. Temos de ter pesquisadores & desenvolvedores teóricos & práticos respondendo QUEM, POR QUÊ, COM QUÊ, COMO e QUANDONDE, respectivamente. Como dormem as mentes criminosas (porque o corpo no ser humano é um adendo, um assessório)? Como compram? Como se divertem? O que vestem? Como se relacionam? Como falam? Quem são as pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) à sua volta? Em que cenário ou ambiente (municípios/cidades, estados, nações e mundo) se inserem? Como se transportam (ar, água e terra)? Como transacionam?

                            Enfim, há um punhado de CORDÕES PSICOLÓGICOS ou razões humanas a puxar, um monte e novelos racionais a desemaranhar. Todos os seres humanos são psicólogos pela própria natureza da definição do ser humano, mas a maior parte não está treinada para exercer proveitosamente essa percepção.

                            Só o fato de o criminoso ter se colocado à margem do funcionamento dito normal da coletividade humana, só por esse escamoteamento, por essa ocultação psicológica, essa mente torna-se distinta, fora dos padrões de análise, sendo necessário um contramolde, que o psicólogo encarregado deve des-cobrir. Ele deve moldar uma estátua ou molde psicológico do criminoso sem, contudo, fixar-se na média. Como fazer isso tem ter treinamento específico?

                            Se segue que entre os policiais deve existir uma segunda formação como psicanalista, como psico-sintetizador, como economista, como sociólogo e como geo-historiador, ou um grupo desses profissionais à disposição permanente da Polícia geral. Quer dizer, independentemente de em que se forme o policial deve ser exigido que ele tenha também alguma daquelas formações. Ou toda investigação policial deve ser acompanhada de um conjunto mínimo daqueles profissionais, até devendo acontecer anual ou bienalmente um Congresso (mundial, de preferência) de Psicologia Policial (criminal ou não, porque orientação também deve ser dada à população), cabendo aí uma Mídia de Psicologia Policial (TV, Revista, Jornal, Livro, Internet e Rádio). Como é que a Polícia pode funcionar sem tal suporte? Às vezes é difícil entender a humanidade.

                            Se nem a mente enquadrada é possível entender com facilidade, quanto mais a desviada, a criminosa (sentimental, alienada de si, ou racional, plenamente consciente de escolha – estas são muito mais difíceis de investigar, pois têm cuidado de apagar os rastros). Sem o auxílio consistente da nova Psicologia não é possível fazer quase nada. Ou pelo menos quase nada com competência.

                            Vitória, quinta-feira, 21 de novembro de 2002.

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