terça-feira, 3 de janeiro de 2017


Previsões sobe o Governo Lula

 

                            Quando ainda se chamava Convergência Socialista eu participava em 1977. Depois houve uma reunião na Cúria Metropolitana, antes de 1980, da qual participamos uns 10, sobre a idéia de fundação de um Partido dos Trabalhadores. Sai entre 1985 e 1987 porque, eu disse a Reinaldinho, o PT iria trocar sua missão por votos, ou seja, por evidência. Não deu outra.

                            Agora, finalmente, ele chegou à presidência, na quarta candidatura de Lula, que é o primeiro operário a alcançar tal posto do Brasil, e o primeiro do mundo a atingir tal proeminência num país de primeira linha em produçãorganização, o Brasil, que é a quinta economia mundial (considerada a Europa dos 15 como uma só): EUA, Europa, Japão, China, Brasil.

                            Está parecendo o Nixon, que se candidatou tantas vezes e quando foi eleito fez besteira, o que não desejo de modo algum ao Lula. Ele é de um socialismo brando, enquanto sou anarco-comunista. Há margens de contenção, tanto a esquerda quanto a direita olhando-o com um misto de apreensão e repugnância. E quatro anos não são realmente quase nada, para 500 anos de opressão e desmandos.

                            Depois, há a distância extrema de votos, mais de 20 % - sempre que há uma distância assim tão grande o governante afrouxa o laço e fica gozando o feito, sem trabalhar, como se isso bastasse. Tradicionalmente não se faz bom governo nestas condições.

                            A seguir, é certo que a direita criará armadilhas e a imprensa direitista publicará toda e qualquer falha, por menor que seja, destacando-a ao máximo. Há a idéia de “vingança” dos pobres e miseráveis. Os sem-terra do Rainha (que é de Linhares) forçarão rumo à Reforma Agrária, esperada em ritmo muito mais pronunciado; se Lula atender e acelerar ferirá os terratenentes, ao passo que se não o fizer e retardar irritará o MST, Movimento dos Sem-Terra.

                            A dialética diz que tudo que se tenta forçar acumula tensões e resistências. O certo, então, seria caminhar como se nada fôssemos fazer, mas trabalhando aceleradamente pelos pontos principais. Lançar alguns balões para distrair a atenção, enquanto as reformas e transformações fossem sendo plantadas. Como em quatro anos não se pode fazer muito, é o caso de plantar ATITUDES, modos de proceder, que serão copiadas pelo governo seguinte. Se o Lula tiver sorte e puder emplacar um segundo mandato as obras poderão ser ampliadas.

                            Então, eu vejo que o governo Lula precisará de um equilíbrio tremendo, além do quê pode haver choque entre os principais intelectuais colaboradores e um presidente-operário ciumento de suas prerrogativas. Aquela coisa de “mamãe, olha aonde eu cheguei”. Mostrar para os parentes e amigos, etc.

                            E há a oposição, desde a favorável até a intratável, os inimigos de classe mesmo, que farão DE TUDO, legal ou ilegal, certo ou errado, para minar e destruir a “bandeira vermelha infiltrada”.

                            Para além de tudo, a grande aceitação de um primeiro governo operário real no Brasil, muito benquisto na Europa, com as visitas e saudações todas, com as comemorações, com os abraços em Portugal, na Alemanha, na Inglaterra, na França, na Espanha, em toda parte, tudo isso pode obnubilar a visão reta, turvando-a dos orgulhos.

                            E há muito mais que eu poderia comentar.

                            SE der certo será por puro milagre, denotando extraordinária sabedoria e equilíbrio do Lula e do PT, o que então eu aplaudiria.

                            Vitória, sexta-feira, 01 de novembro de 2002.

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