quinta-feira, 26 de janeiro de 2017


Pessoambientes Gordas

 

                            No Livro 18, O Custo da Obesidade, comecei a tratar do assunto. E há que se ver que não são só as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) que são gordas, os AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundo) também o são. Por exemplo, os EUA são um país gordo, pois 56 % da gente de lá é obesa. Na TV, no cinema e na mídia inteira só mostram os magros, mas há uma quantidade inacreditável de gordos, como vemos nos documentários e sabemos das notícias.

                            Com a facilidade contemporânea – depois de 1789 – de conseguir especiarias, temperos, pastas, açúcares de todas as procedências, mel, gorduras de todos os tipos, proteínas às toneladas, vitaminas em potes, as pessoas estão padecendo de excesso e não mais de falta. Pelo menos parte das pessoas, em especial nos países industrialmente avançados, os mais ricos, as nações ricas e médias-altas, do primeiro e segundo mundos. Como viver num mundo em que oferecem tantos sorvetes, tantas guloseimas, tantas carnes gordas? Em todo lugar aonde vamos encontramos pães de queijo, bolos confeitados, docinhos aos quilos, uma infinidade de chamados e tentações, para quem tem, como os adultos, 600 papilas gustativas – com 900 nas crianças. Uma infinidade de apelos de consumo e muito poucos de contenção. Viciados que somos desde criancinhas em devorar sem parar montanhas de comidas, como faremos para emagrecer? Pais e mães nos viciam desde muito cedo, empresas querem lucrar fazendo-nos devorar e saborear e abocanhar tudo que vemos. Os químicos, os biólogos e os psicólogos quebram suas nobres cabeças para nos fazer dependentes. É uma dependência química, alguém duvida? E até mais maliciosa ou mortal que a dos cigarros e drogas. Quantos morrem de comer e beber demais?

                            Não é fácil o pobre indivíduo, na base espremida da pirâmide coletiva, conseguir qualquer avanço, porque ele toma um remédio supressor e logo adiante depara com mil anúncios estimulando-o a se sobrealimentar. Seria preciso que o mundo, as nações, os estados, as cidades/municípios, as empresas, os grupos e as famílias fizessem regime também, ARRANJANDO OUTRAS MOTIVAÇÕES, virando a cabeça e a boca noutra direção e sentido, aplicando-se em resolver os problemas pendentes que nos angustiam. Devíamos dizer: agora, COLETIVAMENTE, vamos emagrecer, e para isso teremos este e aquele programa de apoio.

                            Fora disso é cavar buraco n’água.

                            Fora disso é ilusão. Ou oportunismo.

                            Vitória, segunda-feira, 20 de janeiro de 2003.

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