Os Novos Bizantinos
Superprotegidos como
ícones do socialismo soviético os pesquisadores de lá puderam voltar-se para
uma infinidade de problemas que o Ocidente, baseado em critérios dominantes de
lucro e eficácia empresarial, não toleraria. Assim, estudaram os chamados PES,
Poderes Extra-Sensoriais a fundo, e uma quantidade de coisas que só depois de
1991 começaram a aparecer, inclusive muitos conhecimentos válidos, uma carga
formidável deles. O que será que fizeram no Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião,
Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) geral? Separados dos
critérios de pronta resposta e correspondência fundos/lucros - relação na qual
os fundos são dados em função estrita dos lucros deles advindos, realmente ou
por promessa - ou lucros/fundos, os pesquisadores soviéticos certamente
dedicaram-se a uma quantidade de questões nem de longe contempladas no Ocidente.
Quando URSS estava caindo pensei que o Brasil bem poderia ter abrigado um
percentual muito maior de pesquisadores migrantes, mas como em tudo o país
atrasou-se e deixou cair a peteca da oportunidade, recebendo apenas uma
quantidade minúscula dos fugitivos.
Como antes com
Constantinopla e os antigos bizantinos, a Queda da URSS e a fuga dos novos
bizantinos fertilizará o Ocidente, que ganha tanto com o positivo quanto com o
negativo. Com o positivo porque de 1917 a 1991 o crescimento, a estagnação e o
declínio final da URSS foram usados como espada suspensa sob o pescoço da
oposição ocidental; e com o negativo porque de 1991 para frente o colapso foi
aproveitado pelos carniceiros de plantão.
Enfim, é uma época
de novo crescimento ocidental, com o represamento de 74 anos derramando-se
instantaneamente sobre os pesquisadores ocidentais, que, aliás, nem citam as
fontes, pois se assim procedessem mostrariam que a URSS detratada estava
fazendo coisas importantes.
Vitória,
quinta-feira, 23 de janeiro de 2003.
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