quinta-feira, 26 de janeiro de 2017


Os Novos Bizantinos

 

                            Superprotegidos como ícones do socialismo soviético os pesquisadores de lá puderam voltar-se para uma infinidade de problemas que o Ocidente, baseado em critérios dominantes de lucro e eficácia empresarial, não toleraria. Assim, estudaram os chamados PES, Poderes Extra-Sensoriais a fundo, e uma quantidade de coisas que só depois de 1991 começaram a aparecer, inclusive muitos conhecimentos válidos, uma carga formidável deles. O que será que fizeram no Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) geral? Separados dos critérios de pronta resposta e correspondência fundos/lucros - relação na qual os fundos são dados em função estrita dos lucros deles advindos, realmente ou por promessa - ou lucros/fundos, os pesquisadores soviéticos certamente dedicaram-se a uma quantidade de questões nem de longe contempladas no Ocidente. Quando URSS estava caindo pensei que o Brasil bem poderia ter abrigado um percentual muito maior de pesquisadores migrantes, mas como em tudo o país atrasou-se e deixou cair a peteca da oportunidade, recebendo apenas uma quantidade minúscula dos fugitivos.

                            Como antes com Constantinopla e os antigos bizantinos, a Queda da URSS e a fuga dos novos bizantinos fertilizará o Ocidente, que ganha tanto com o positivo quanto com o negativo. Com o positivo porque de 1917 a 1991 o crescimento, a estagnação e o declínio final da URSS foram usados como espada suspensa sob o pescoço da oposição ocidental; e com o negativo porque de 1991 para frente o colapso foi aproveitado pelos carniceiros de plantão.

                            Enfim, é uma época de novo crescimento ocidental, com o represamento de 74 anos derramando-se instantaneamente sobre os pesquisadores ocidentais, que, aliás, nem citam as fontes, pois se assim procedessem mostrariam que a URSS detratada estava fazendo coisas importantes.

                            Vitória, quinta-feira, 23 de janeiro de 2003.

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