Oprimidos
Linguisticamente
Paulo Freire deu o
tom, dizendo que ao ensinar a língua aos analfabetos devemos mirar seus
interesses mais profundos. Ora, quem deseja aprender língua estrangeira é o
analfabeto mais total, pois não apenas não sabe as letras, não sabe nem os
sons.
Como
saber o que interessa a cada um senão fazendo enquetes ou pesquisas? Que
interessa às psicanálises ou figuras, às psico-sínteses ou objetivos, às
economias ou produções, às sociologias ou organizações, às geo-histórias ou
espaçotempos, na Psicologia geral? Ou, em particular na Economia, aos
agropecuaristas/extrativistas, aos das indústrias, aos do comércio, aos dos
serviços, aos dos bancos? Que palavras PUXARIAM o interesse de cada um? Quais
as palavras características do quarto, do terceiro, do segundo e do primeiro
mundos? Que tendências do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião,
Filosofia/ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) geral capturam o imaginário
de uns e outros? São interesses governamentais ou empresariais? Estaríamos
ensinando a PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos ou empresas) ou a
representantes AMBIENTAIS (municipais/urbanos, estaduais, nacionais ou
mundiais)?
Como
fracionarizar o Dicionário geral (de palavras) ou a Enciclopédia geral (de
imagens) para tal ou qual segmento do aprendizado? Fala-se de audiovisual, mas
qual áudio e qual visual? É aprendizado para estudo e trabalho ou para lazer?
Nada
disso é perguntado a quem vai fazer línguas. Todos são tratados como se fossem
um e o mesmo, uma tabula rasa. Como com os alopatas, não se faz perguntas,
diferentemente dos homeopatas que tratam cada caso como diferente, indo fundo
nas perguntas. Não são montados grupos de interesse, nem círculos de apoio
lingüístico. Quase não se fala da cultura/nação enquanto programáquina
produtivorganizativa, pelos seus limites tensionais, quer dizer, seu limítrofe
trem de ondas de pesquisa & desenvolvimento teórica & prático, mais avançadas,
ou tecnociências de ponta.
Não
admira mesmo nada que poucos queiram investir seu tempo e dinheiro e que tantos
desistam no meio do caminho, como eu mesmo fiz várias vezes. O atual ensino de
línguas não é mesmo nada emocionante. Precisa ser completamente reprogramado.
Vitória,
quinta-feira, 16 de janeiro de 2003.
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