Oriental Ocidental
Um
enredo para filme oriental, japonês, por exemplo, como se fosse feito por
atores e atrizes e diretores e todo o pessoal japonês (e será mesmo, dupla
filmagem). Sobre essa representação entrarão nos papéis, repetindo os gestos e
o falar exagerado dos japoneses, inclusive sua alegria espontânea, seu caráter
recatado e tão educado, sua postura correta, tudo, com as cabeças raspadas (de
preferência durante o xogunato) os ocidentais, que comerão com pauzinhos, se
sentarão agachados, professarão as crenças orientais, terão os valores
orientais vestidos por ocidentais. Como soará cômico os japoneses rirão, mas no
ocidente servirá, pelo relativismo cultural, para reposicionar as nossas mentes,
permitindo o afastamento que leva à admiração.
Depois um outro, ocidental, com
japoneses indo às igrejas, fazendo churrasco, cuspindo no chão, só que vestindo
quimonos e com os objetos culturais de lá. Ou podem ser indianos, chineses,
árabes, que povos forem, para DES-LOCAR, tirar os ocidentais de seus
espaçotempo autocentrado, etnocentrado.
Fazendo
uma série de filmes assim, porém com substrato ou script ou roteiro de primeira
linha, com excelentes diretores, a sério mesmo, poderemos permitir a
antropólogos trabalho privilegiado de campo, in locu mesmo, sobre como uns vêem
os outros, através das entrevistas depois das exibições em todo o mundo, nas
portas dos cinemas. As pessoas verão bons filmes como eles seriam filmados
mesmo e rirão das imitações. Com isso verão que não é fácil encarnar os valores
alheios (e, de lambuja, muitos atores e atrizes excelentes serão descobertos no
projeto de dimensão mundial).
Vitória,
segunda-feira, 02 de dezembro de 2002.
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