terça-feira, 10 de janeiro de 2017


O Tempo das Mulheres

 

                            No Modelo da Caverna descobri várias coisas, entre as quais que homens e mulheres têm línguas diferentes, a saber a Língua dos Homens e a Língua das Mulheres, das quais falarei mais, tendo tempo.

                            Igualmente, posto o par polar oposto/complementar esquerda/direita (tríade ou centro esquerdireita) como espaço e tempo, devem existir dois pares, conforme o quadro lógico de Aristóteles, como mostrado no modelo. O espaço se abre em dois e o tempo igualmente se abre em dois. O TEMPO DOS HOMENS deve co-responder ao ESPAÇO DAS MULHERES e vice-versa.

                            O espaço das mulheres, conforme eu já disse, deve ser espacial e plano, ao passo que o dos homens será linear e pontual, pois os homens miram a caça, que é pontual, em linha, uma de cada vez, ao passo que as mulheres miram muitos (e devem ter inventando a aritmética e a geometria ou contagem iniciais). Se o espaço das mulheres é circular e o dos homens é reto, o tempo das mulheres deve ser reto, linear, e o dos homens circular, cíclico. As coisas colocam-se em oposição/complementação total. Em conjunto são circunlineares, retocirculares.

                            Se for assim, isso nos diz algumas coisas.

                            Devemos esperar que o tempo das mulheres, sendo reto, sem começo e sem fim, deva ser o equivalente de espaço, não tem ponto inicial nem ponto final. Portanto, deve se seguir que as mulheres não têm UMA TAREFA, por exemplo, elas não COMEÇAM A COSTURAR, é como se tivessem feito isso de sempre para sempre. Se não começam não terminam também, estão sempre esperando um novo costurar amanhã, vindo de um costurar ontem. Não começam a cozinhar, estão sempre cozinhando. Por conseguinte, as tarefas delas são infindáveis, não acabam. Daí que elas não vão sentir um sufoco danado antes do princípio, não vão se afligir para começar (começando a qualquer instante), nem para terminar, colocar ponto final, que para elas não existe. Isso, sem pensarmos muito mais, faz o coração durar mais, porque não há solavancos, não há traumas, não há sustos. Por outro lado, como as mulheres não sofrem sustos ou sobressaltos ou assombros, QUANDO ACONTECE o coração delas fica muito abalado (porque não têm defesas, não há evolução mais apta ou mais hábil para eles, que os tenha fortalecido) e sofre ruptura séria, para o quê os homens estariam preparados. Do outro lado os homens morreriam mais cedo, como acontece, uma média de cinco anos a menos no mundo inteiro, o que é mais do que justo, dado que as mulheres sofrem uma pressão enorme da Vida.

                            O tempo dos homens, sendo reto, tendo começo e fim, principia e acaba em alguma ocasião. Se isso for verdade, se os testes comprovarem, devemos esperar como prova que os homens sintam relutância em iniciar qualquer tarefa e estejam aflitos por terminá-la, o que leva a enormes conflitos corporais, inclusive sanguíneos, mas produziria um coração mais ajustado a pressões, por via de conseqüência mais afeito a sobressaltos dos movimentos e trabalhos bruscos, cheio de cortes e interrupções.

                            Da parte das mulheres devemos esperar que elas estejam habituadas a trabalho contínuo, sem solução de continuidade, sem interrupção, sem cessação, sem suspensão, sem descontinuidade. Como, de fato, elas não sentem estar trabalhando por contagem de tempo, é como se nem o estivessem fazendo, embora eventualmente se cansem, ao passo que os homens precisariam de hiatos com certa freqüência.

                            São duas psicologias ou almas ou razões bem distintas, opostas/complementares em tudo e deveríamos esperar DUAS CONSTITUIÇÕES no que fosse diverso e uma só de fundo, para preservar os direitos humanos comuns a uns e outras. Quando é que poderíamos almejar algo assim, se o esforço ao longo do tempo foi sempre de tornar o par igual em todos os direitos? Mas tratar os desiguais como iguais é torná-los ainda mais desiguais. A igualdade deve ser de fundo, com incidência assimétrica visando preservar com diferentes flechas o equilíbrio da balança.

                            Se esta proposta se revelar correta pelas medições de campo, na colheita de laranjas as mulheres trabalhariam direto e sairiam mais cedo, ao passo que os homens precisariam de um horário de almoço, saindo correspondentemente mais tarde.

                            Que coisa!

                            Vitória, quinta-feira, 28 de novembro de 2002.

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