O Tempo das Mulheres
No
Modelo da Caverna descobri várias coisas, entre as quais que homens e mulheres
têm línguas diferentes, a saber a Língua dos Homens e a Língua das Mulheres,
das quais falarei mais, tendo tempo.
Igualmente,
posto o par polar oposto/complementar esquerda/direita (tríade ou centro
esquerdireita) como espaço e tempo, devem existir dois pares, conforme o quadro
lógico de Aristóteles, como mostrado no modelo. O espaço se abre em dois e o
tempo igualmente se abre em dois. O TEMPO DOS HOMENS deve co-responder ao
ESPAÇO DAS MULHERES e vice-versa.
O
espaço das mulheres, conforme eu já disse, deve ser espacial e plano, ao passo
que o dos homens será linear e pontual, pois os homens miram a caça, que é
pontual, em linha, uma de cada vez, ao passo que as mulheres miram muitos (e
devem ter inventando a aritmética e a geometria ou contagem iniciais). Se o
espaço das mulheres é circular e o dos homens é reto, o tempo das mulheres deve
ser reto, linear, e o dos homens circular, cíclico. As coisas colocam-se em
oposição/complementação total. Em conjunto são circunlineares, retocirculares.
Se
for assim, isso nos diz algumas coisas.
Devemos
esperar que o tempo das mulheres, sendo reto, sem começo e sem fim, deva ser o
equivalente de espaço, não tem ponto inicial nem ponto final. Portanto, deve se
seguir que as mulheres não têm UMA TAREFA, por exemplo, elas não COMEÇAM A
COSTURAR, é como se tivessem feito isso de sempre para sempre. Se não começam
não terminam também, estão sempre esperando um novo costurar amanhã, vindo de
um costurar ontem. Não começam a cozinhar, estão sempre cozinhando. Por
conseguinte, as tarefas delas são infindáveis, não acabam. Daí que elas não vão
sentir um sufoco danado antes do princípio, não vão se afligir para começar (começando
a qualquer instante), nem para terminar, colocar ponto final, que para elas não
existe. Isso, sem pensarmos muito mais, faz o coração durar mais, porque não há
solavancos, não há traumas, não há sustos. Por outro lado, como as mulheres não
sofrem sustos ou sobressaltos ou assombros, QUANDO ACONTECE o coração delas
fica muito abalado (porque não têm defesas, não há evolução mais apta ou mais
hábil para eles, que os tenha fortalecido) e sofre ruptura séria, para o quê os
homens estariam preparados. Do outro lado os homens morreriam mais cedo, como
acontece, uma média de cinco anos a menos no mundo inteiro, o que é mais do que
justo, dado que as mulheres sofrem uma pressão enorme da Vida.
O
tempo dos homens, sendo reto, tendo começo e fim, principia e acaba em alguma ocasião.
Se isso for verdade, se os testes comprovarem, devemos esperar como prova que
os homens sintam relutância em iniciar qualquer tarefa e estejam aflitos por
terminá-la, o que leva a enormes conflitos corporais, inclusive sanguíneos, mas
produziria um coração mais ajustado a pressões, por via de conseqüência mais
afeito a sobressaltos dos movimentos e trabalhos bruscos, cheio de cortes e
interrupções.
Da
parte das mulheres devemos esperar que elas estejam habituadas a trabalho contínuo,
sem solução de continuidade, sem interrupção, sem cessação, sem suspensão, sem
descontinuidade. Como, de fato, elas não sentem estar trabalhando por contagem
de tempo, é como se nem o estivessem fazendo, embora eventualmente se cansem,
ao passo que os homens precisariam de hiatos com certa freqüência.
São
duas psicologias ou almas ou razões bem distintas, opostas/complementares em
tudo e deveríamos esperar DUAS CONSTITUIÇÕES no que fosse diverso e uma só de
fundo, para preservar os direitos humanos comuns a uns e outras. Quando é que
poderíamos almejar algo assim, se o esforço ao longo do tempo foi sempre de
tornar o par igual em todos os direitos? Mas tratar os desiguais como iguais é
torná-los ainda mais desiguais. A igualdade deve ser de fundo, com incidência
assimétrica visando preservar com diferentes flechas o equilíbrio da balança.
Se
esta proposta se revelar correta pelas medições de campo, na colheita de
laranjas as mulheres trabalhariam direto e sairiam mais cedo, ao passo que os
homens precisariam de um horário de almoço, saindo correspondentemente mais
tarde.
Que
coisa!
Vitória,
quinta-feira, 28 de novembro de 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário