O
Que Sabem os Professores?
Ouvi
essa pergunta num filme.
No
modelo há sete níveis de conhecimento e compromisso: 1) povo, 2) lideranças, 3)
profissionais,
4) pesquisadores, 5) estadistas, 6) santos e sábios, 7) iluminados. Então, os
profissionais sabem mais que as lideranças (estudantis, sindicais e
comunitárias) e menos que os pesquisadores (mestres, doutores e pós-doutores).
Quem
são os profissionais?
São
os políticos profissionais, os profissionais liberais e os transferidores de
conhecimento, os sofistas, os ensinadores profissionais, os professores.
Eles
sabem mais que o passado que é propriedade das lideranças e menos que o futuro
que é o campo dos pesquisadores. Estes então na frente do trem de ondas da
construção do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia,
Ciência/Técnica e Matemática), estão fazendo os conhecimentos do futuro. Os
professores NUNCA ESTÃO construindo conhecimento algum, sempre estão divulgando
os conhecimentos de segunda ou terceira ou quarta mão, porque os professores,
como tudo no modelo, têm quatro níveis de percepção, desde o mais agudo e
dianteiro ao mais atrasado e difuso. Se algum professor começa a desenvolver
conhecimento é por definição um pesquisador.
Se
não desenvolvem, podem se atualizar com relação ao Conhecimento. É essa
ATUALIZAÇÃO que se processa em quatro níveis e nos dá professores melhores e
piores. Isso se combina com a tecnociência da transferência de info-controle ou
pedagogia. Se a atualização é passiva, a pedagogia é ativa – diz respeito às
formestruturas da transferência, às palavras e imagens associadas a essa
passagem codificada e comprimida, às palavrimagens ou PAL/I, aos gestuais e aos
sons dessa entrega.
Então,
quem queira melhorar os professores deve melhorar os dois pólos, a saber: 1) as
tecnartes passivas dos conhecimentos, as atualizações, que entregam de fora
para dentro, dos ambientes para os professores, e 2) as tecnartes ativas dos
conhecimentos, as pedagogias, que entregam de dentro para fora, dos professores
para os ambientes.
As
atualizações podem se dar através da mídia (TV, Revista, Jornal, Rádio, Livro e
Internet de professores), com um CENTRO GOVERNEMPRESARIAL DE ATUALIZAÇÃO DOS
PROFESSORES conduzindo a construção, enquanto as pedagogias são coisas ainda
mais sérias, dependendo de um CENTRO PEDAGÓGICO UNIVERSAL. Enquanto ele não
existir devemos montar um nacional, ou estadual, ou municipal/urbano. As 22
(até agora listadas) tecnartes podem contribuir tremendamente. PEDAGOGIA DA
VISÃO: poesia, pintura, prosa, moda, desenho, fotografia, dança pedagógica.
PEDAGOGIA DA AUDIÇÃO: música, discurso pedagógico. PEDAGOGIA DO PALADAR:
comida, bebida, pasta, tempero pedagógico. PEDAGOGIA DO OLFATO: perfume
pedagógico. PEDAGOGIA DO TATO: cinema, teatro, arquiengenharia, urbanismo,
tapeçaria, esculturação, paisagismo/jardinagem, decoração pedagógica.
Oh!
- que lindas são as coisas, tão extremada PEDAGOGIA DA AQUISIÇÃO ou AQUISIÇÃO
DA PEDAGOGIA, a dupla biunívoca, bidirecional, que permite e estimula a dupla
transferência dos conhecimentos. Se os professores não constróem nenhum
conhecimento, constróem os alunos – são uma ponte formidável entre a infância e
a idade adulta, porisso MUITO importantes, fundamentais mesmo, porque de outra
forma o pensamento superior seria ocupado com as trivialidades. Imagine se os
pouquíssimos iluminados (numa geo-história inteira duas mãos bastam para
contar), os santos e sábios, os estadistas tivessem de deixar seus afazeres
para cuidar dessa transferência! Seria um desastre total.
Daí
que os pesquisadores fazem o Conhecimento e o transferem aos professores, que
por sua vez o transformam em gotículas, o transformam em porções antes de
entregá-lo mastigado aos alunos.
Respondendo
à pergunta, os professores sabem ser ponte entre o não-saber, que é o da
irracionalidade pré-humana, e o saber humano. ELES HUMANIZAM toda a gente, o
que não é dizer pouco. E por isso lhes somos todos imensamente gratos. Só os
débeis-mentais não gostam dos ou não valorizam os professores.
Vitória, sexta-feira,
17 de janeiro de 2003.
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