quinta-feira, 26 de janeiro de 2017


O Que Sabem os Professores?

 

                            Ouvi essa pergunta num filme.

                            No modelo há sete níveis de conhecimento e compromisso: 1) povo, 2) lideranças, 3) profissionais, 4) pesquisadores, 5) estadistas, 6) santos e sábios, 7) iluminados. Então, os profissionais sabem mais que as lideranças (estudantis, sindicais e comunitárias) e menos que os pesquisadores (mestres, doutores e pós-doutores).

                            Quem são os profissionais?

                            São os políticos profissionais, os profissionais liberais e os transferidores de conhecimento, os sofistas, os ensinadores profissionais, os professores.

                            Eles sabem mais que o passado que é propriedade das lideranças e menos que o futuro que é o campo dos pesquisadores. Estes então na frente do trem de ondas da construção do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática), estão fazendo os conhecimentos do futuro. Os professores NUNCA ESTÃO construindo conhecimento algum, sempre estão divulgando os conhecimentos de segunda ou terceira ou quarta mão, porque os professores, como tudo no modelo, têm quatro níveis de percepção, desde o mais agudo e dianteiro ao mais atrasado e difuso. Se algum professor começa a desenvolver conhecimento é por definição um pesquisador.

                            Se não desenvolvem, podem se atualizar com relação ao Conhecimento. É essa ATUALIZAÇÃO que se processa em quatro níveis e nos dá professores melhores e piores. Isso se combina com a tecnociência da transferência de info-controle ou pedagogia. Se a atualização é passiva, a pedagogia é ativa – diz respeito às formestruturas da transferência, às palavras e imagens associadas a essa passagem codificada e comprimida, às palavrimagens ou PAL/I, aos gestuais e aos sons dessa entrega.

                            Então, quem queira melhorar os professores deve melhorar os dois pólos, a saber: 1) as tecnartes passivas dos conhecimentos, as atualizações, que entregam de fora para dentro, dos ambientes para os professores, e 2) as tecnartes ativas dos conhecimentos, as pedagogias, que entregam de dentro para fora, dos professores para os ambientes.

                            As atualizações podem se dar através da mídia (TV, Revista, Jornal, Rádio, Livro e Internet de professores), com um CENTRO GOVERNEMPRESARIAL DE ATUALIZAÇÃO DOS PROFESSORES conduzindo a construção, enquanto as pedagogias são coisas ainda mais sérias, dependendo de um CENTRO PEDAGÓGICO UNIVERSAL. Enquanto ele não existir devemos montar um nacional, ou estadual, ou municipal/urbano. As 22 (até agora listadas) tecnartes podem contribuir tremendamente. PEDAGOGIA DA VISÃO: poesia, pintura, prosa, moda, desenho, fotografia, dança pedagógica. PEDAGOGIA DA AUDIÇÃO: música, discurso pedagógico. PEDAGOGIA DO PALADAR: comida, bebida, pasta, tempero pedagógico. PEDAGOGIA DO OLFATO: perfume pedagógico. PEDAGOGIA DO TATO: cinema, teatro, arquiengenharia, urbanismo, tapeçaria, esculturação, paisagismo/jardinagem, decoração pedagógica.

                            Oh! - que lindas são as coisas, tão extremada PEDAGOGIA DA AQUISIÇÃO ou AQUISIÇÃO DA PEDAGOGIA, a dupla biunívoca, bidirecional, que permite e estimula a dupla transferência dos conhecimentos. Se os professores não constróem nenhum conhecimento, constróem os alunos – são uma ponte formidável entre a infância e a idade adulta, porisso MUITO importantes, fundamentais mesmo, porque de outra forma o pensamento superior seria ocupado com as trivialidades. Imagine se os pouquíssimos iluminados (numa geo-história inteira duas mãos bastam para contar), os santos e sábios, os estadistas tivessem de deixar seus afazeres para cuidar dessa transferência! Seria um desastre total.

                            Daí que os pesquisadores fazem o Conhecimento e o transferem aos professores, que por sua vez o transformam em gotículas, o transformam em porções antes de entregá-lo mastigado aos alunos.

                            Respondendo à pergunta, os professores sabem ser ponte entre o não-saber, que é o da irracionalidade pré-humana, e o saber humano. ELES HUMANIZAM toda a gente, o que não é dizer pouco. E por isso lhes somos todos imensamente gratos. Só os débeis-mentais não gostam dos ou não valorizam os professores.
                            Vitória, sexta-feira, 17 de janeiro de 2003.

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