Observador
Como
eu já disse, não observamos mais como indivíduos, apenas, e sim como pessoas
(indivíduos, famílias, grupos, empresas) e ambientes (municípios/cidades,
estados, nações, mundo), em níveis crescentes. O indivíduo “puro” não existe
mais.
Na
Vida da Escola (pré-primeiro grau, primeiro grau, segundo grã,
universidade, mestrado, doutorado, pós-doutorado e pesquisador) ou meramente na
Escola da Vida, pegando aqui e ali um modo de prestar atenção e
proceder, os indivíduos não estão mais isolados, nunca estiveram, desde os
macacos.
Então,
na mesopirâmide políticadministrativa governempresarial pessoambiental, vamos
vendo em oito níveis crescentes, começando nos indivíduos e chegando ao mundo.
Agora mesmo estou escrevendo num teclado do programáquina à minha frente. É um
computador de 1,3 GHz, 20 gigabytes de memória, com programas excepcionais da
Microsoft ajudando (bem como dezenas de enciclopédias auxiliares, mais o
Houaiss e o Michaelis eletrônicos), fora as enciclopédias de papel, livros, todo
um aprendizado passado, etc., enfim, um aparato gigantesco que foi se somando
em dez mil anos de avanços civilizantes. Como eu poderia fazer algo de
relevante sendo apenas o indivíduo ignorante que eu seria sem o amparo de minha
coletividade?
Para
o bem e para o mal estou rodeado de condicionantes culturais/nacionais do
povelite mundial.
Então,
quando observo, coloco lentes à minha frente e observo com as distorções que
estão implícitas em sua construção, com as aberrações próprias dos modos
políticadministrativos do Escravismo, do Feudalismo, do Capitalismo (em sua
terceira onda), do Socialismo, do Comunismo e por fim do Anarquismo, cada vez
mais refinadas e mais precisas, mais transparentes e potentes.
É
muito diferente ser observador (em qualquer um dos cinco níveis) em 2002 e na
época de Aristóteles ou na Idade Média ou no Iluminismo. É diferentíssimo
observar no primeiro mundo e no quarto. Como seria a mesma coisa fazê-lo com
todo vagar num gabinete de universidade, com pagamento garantido no final do
mês, e num quarto apertado da periferia, sem saber se haverá alimento para o
dia seguinte?
Tais
dessemelhanças nunca foram devidamente investigadas a fundo, em toda a
geo-história, para saber como a Psicologia (figura, objetivos, produção,
organização e espaçotempo) interfere no ato de observar.
Vitória, sexta-feira, 01 de novembro de
2002.
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