O Que Há de Diferente?
O
mundo humano é de uma chatice sem par, a maior parte do tempo, brilhando na
escuridão como que uns pirilampos, uns vaga-lumes que iluminam temporariamente
o breu indevassável. Uns tecnartistas e tecnocientistas, ou gente do Conhecimento
(Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e
Matemática) geral que nos diverte e encanta.
No
mais é aquele aborrecimento.
Ficamos
vasculhando à esquerda e à direita para ver algo de novo nas 6,5 mil
profissões, nas patentes, nas tecnartes (da visão: poesia, prosa, moda,
pintura, desenho, fotografia, dança, etc.; do paladar: comidas, bebidas,
pastas, temperos, etc.; da audição: música, discurso, etc.; do olfato:
perfumaria, etc.; do tato: cinema, teatro, urbanismo, paisagismo/jardinagem,
arquiengenharia, tapeçaria, esculturação, decoração, etc.), onde for.
Contando
a produção em quatro níveis (A, B, C e D) e subdividindo estes em AA, AB, AC e
AD, depois o primeiro destes novamente em AAA, AAB, AAC e AAD, e por último tendo
AAAA, AAAB, AAAC e AAAD, os A, AA, AAA e AAAA são de raros a raríssimos. Com
que alegria supimpa vemos um desses raríssimos AAAA brilhando esplendoroso!
Esses A resgatam nossa felicidade daquele abatimento diante da estupidez, da má
fé, da insinceridade e da produção ruim, desleixada, desmazelada, negligente,
descuidada, descurada, relaxada, e porisso mesmo odiosa.
E
tão raro que às vezes fica uma angústia, uma falta de ar, um assombro de não
ter mais, de ser tão pouco. Se for verdadeiro que vai reduzindo a 1/40, 1/1600,
1/64.000 e 1/2.560.000, então vamos ficando com muito pouco mesmo, nos níveis
superiores, porque AAAA em seis bilhões de seres humanos no ano 2000 seriam
menos de dois mil e quinhentos, dos quais metade crianças. E isso, espalhado em
todas as profissões humanas, daria realmente pouquíssimo que pudéssemos
apreciar.
Não
é senão porisso mesmo que quando aparece algo especial a gente agarra com todas
as forças e não quer mais soltar, pois o resto é repetição em vários patamares
da pirâmide de base cada vez mais larga.
Vitória,
sábado, 23 de novembro de 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário