domingo, 8 de janeiro de 2017


O Projeto Chinês

 

                            O mundo todo, menos os árabes, está sendo cristianizado -ainda que não nominalmente, sem adoção da religião cristã, em qualquer de suas variações –, inclusive Japão, que foi o primeiro, e os tigres e os dragões asiáticos, que foram depois, e a China, em seguida, e todos do Sudeste e Sudoeste asiáticos.

                            Agora, isso traz um perigo extraordinário para o Ocidente, porquanto o Oriente, que já dispunha da organização direta via políticadministração de formas ou figuras, adere à pesquisa & desenvolvimento teórico & prático do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) inteiro, à ocidental. Ou seja, junta à sua geo-história a postura do Ocidente, que a China reconheceu como mais efetiva com o Caminho de Duas Vias, adotado a partir de 1975 com as visitas de Kissinger e definitivamente após a morte de Mao e o afastamento da Gangue dos Quatro em 1986, já vão lá 16 anos de crescimento ininterrupto.

                            Veja o povelite/nação parcializado como povo e elites. No conjunto são lá 1.300 milhões, contra 170 milhões no Brasil, para colocar um paralelo. Como eu já disse noutra parte, viver é solucionar problemas, que trazem tanto a evolução uniforme quanto a revolução por saltos. Acontece que PROBLEMAS ENORMES geram SALTOS ENORMES, que aplicados a uma GRANDE POPULAÇÃO levam a EVOLUÇÕES FORMIDÁVEIS, que levam a um círculo virtuoso. Enquanto os chineses estavam emperrados pelo não-distributivismo implícito no taoísmo (não-resignado), no confucionismo (resignado) e no budismo (ausente), eram impotentes para espalhar as benesses civilizatórias até a base. Agora, no entanto, a coisa mudou radicalmente, PORQUE através de Hong Kong os ingleses forneceram uma chave de extrema importância, tendo a cidade sob domínio de 1860 a 1997, durante 137 anos, nos quais os chineses aprenderam a governar sob a formestrutura ocidental. Acontece que Hong Kong passou, pequenina que é, por pressões extremas, tendo se composto com incomensurável valor de sobrevivência, tanto assim que produz e importa/exporta valores apreciáveis, mesmo diante dos maiores países. ESSA CHAVE AGORA PERTENCE À CHINA e posta contra a fechadura chinesa abrirá uma porta que o mundo ainda não conhece. A China continental contaminar HK é o de menos, HK contaminar a China é que é o verdadeiro susto. Pois apenas copiando HK a China já potencializa tudo, dada a cristianização do lugar. Os chineses não se tornarão cristãos, mas como sempre adotarão os hábitos estrangeiros, adaptando-s às suas condições.

                            O resultado DUPLO é o seguinte: 1) o povo será tremendíssima base de consumo, para mais de um bilhão; 2) as elites extremas, constituindo 2,5 % do total, serão ainda assim 32,5 milhões de pessoas submetidas À MAIS ELEVADA PRESSÃO PLANETÁRIA DE ENSINAPRENDIZADO políticadministrativo governempresarial pessoambiental. É quanto basta para a China, sozinha, não apenas arrastar todo o Oriente (o Japão se tornará brevemente uma colônia) como enfrentar e vencer, a menos de mudanças de ventos, todo o Ocidente, inclusive o Brasil, caso não haja uma mudança de direção e sentido.

                            Os EUA estão se unindo às Américas do Sul e Central na ALCA, para enfrentar a Europa, mas mesmo que se juntem à Europa e ao Japão ainda não serão páreo para a China, a menos daquela mudança. SE a China colocar as mãos em Taiwan, então será mesmo o fim de qualquer esperança – o planeta terá se tornado chinês.

                            Tudo isso porque de um lado há o povo, que é essa insatisfeita base na qual TUDO poderá ser derramado como que num poço sem fundo, como do outro lado elites prontas a aprender interminavelmente, sob as mais difíceis pressões de seleção racional e sentimental, quer dizer, sendo selecionadas para a aptidão num ritmo frenético, atualmente inconcebível.

                            Se o Ocidente não souber mudar para acompanhar eles se apoderarão de tudo mesmo.

                            Vitória, sexta-feira, 22 de novembro de 2002.

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