O Preço da Escravidão
Eu
seu livro Um Desafio Chamado Brasil, 5ª. Edição, Rio de janeiro,
Civilização Brasileira, 2002, Ciro Gomes, o candidato (ele era a verdadeira
preocupação da burguesia) derrotado à presidência da República, diz: “(...) o preço de termos sido uma sociedade escravocrata, que
durante séculos encarou as disparidades como naturais, inclusive as
nutricionais”, colorido meu.
O
preço que estamos pagando até hoje pela escravidão não foi avaliado (por teses
de mestrado e doutorado, sequer por artigos de jornal ou documentários da
mídia) porque é uma vergonha nacional sempre ocultada. Em termos dessa
separação em dois brasis, um rico como a Bélgica e outro pobre como a índia,
essa Belíndia que Delfin Neto jocosamente apresentou ao mundo, quanto estamos
perdendo por não termos os projetos MUITO MAIS altos, largos e profundos que
teríamos se fossem os brasileiros todos brancos, excluída que está sendo a
incrível oportunidade de fazer um projeto muito mais complexo e proveitoso que
englobe negros, índios e orientais?
Não
se trata só do que, tendo, teríamos perdido, mas principalmente do que nem
chegamos a ter só por sermos exclusivistas. Perdemos no passado, estamos
perdendo no presente, perderemos no futuro, assim como os EUA também. Mas eles
não são ricos? São, claro. Agora, imagine QUÃO MAIS seriam se TODOS estivessem
postos no mesmo projeto de liberdade e dignidade cristã!
Como
permanecemos escravos, os brasileiros pagaremos ainda o preço insustentável e
proibitivo, até atingirmos a leveza do ser. Pense em quanto dinheiro gastamos
em doenças físicas e mentais por submetermos tanta gente às penúrias e aos
vexames socioeconômicos. Pense no peso morto que a coletividade deve arrastar
das antieconomias do deboche alimentar, do escárnio residencial, da avacalhação
relacional, da chacota sentimental, de tudo que é afronta humana aos
brasileiros.
Tais
misérias civilizatórias nos custam riquezas perdidas incompreensíveis até em
sua dimensão. Quanto deixamos de ter porque vastas populações foram, estão
sendo e ainda serão castigadas pela falta de visão dos escravagistas? E tudo
porque, contra a pregação de Cristo, ainda vêem o próximo como distante, como
outro, como alienígena, como bárbaro que não pode partilhar a nossa mesa.
Vitória,
segunda-feira, 09 de dezembro de 2002.
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