sexta-feira, 13 de janeiro de 2017


O Preço da Escravidão

 

                            Eu seu livro Um Desafio Chamado Brasil, 5ª. Edição, Rio de janeiro, Civilização Brasileira, 2002, Ciro Gomes, o candidato (ele era a verdadeira preocupação da burguesia) derrotado à presidência da República, diz: “(...) o preço de termos sido uma sociedade escravocrata, que durante séculos encarou as disparidades como naturais, inclusive as nutricionais”, colorido meu.

                            O preço que estamos pagando até hoje pela escravidão não foi avaliado (por teses de mestrado e doutorado, sequer por artigos de jornal ou documentários da mídia) porque é uma vergonha nacional sempre ocultada. Em termos dessa separação em dois brasis, um rico como a Bélgica e outro pobre como a índia, essa Belíndia que Delfin Neto jocosamente apresentou ao mundo, quanto estamos perdendo por não termos os projetos MUITO MAIS altos, largos e profundos que teríamos se fossem os brasileiros todos brancos, excluída que está sendo a incrível oportunidade de fazer um projeto muito mais complexo e proveitoso que englobe negros, índios e orientais?

                            Não se trata só do que, tendo, teríamos perdido, mas principalmente do que nem chegamos a ter só por sermos exclusivistas. Perdemos no passado, estamos perdendo no presente, perderemos no futuro, assim como os EUA também. Mas eles não são ricos? São, claro. Agora, imagine QUÃO MAIS seriam se TODOS estivessem postos no mesmo projeto de liberdade e dignidade cristã!

                            Como permanecemos escravos, os brasileiros pagaremos ainda o preço insustentável e proibitivo, até atingirmos a leveza do ser. Pense em quanto dinheiro gastamos em doenças físicas e mentais por submetermos tanta gente às penúrias e aos vexames socioeconômicos. Pense no peso morto que a coletividade deve arrastar das antieconomias do deboche alimentar, do escárnio residencial, da avacalhação relacional, da chacota sentimental, de tudo que é afronta humana aos brasileiros.

                            Tais misérias civilizatórias nos custam riquezas perdidas incompreensíveis até em sua dimensão. Quanto deixamos de ter porque vastas populações foram, estão sendo e ainda serão castigadas pela falta de visão dos escravagistas? E tudo porque, contra a pregação de Cristo, ainda vêem o próximo como distante, como outro, como alienígena, como bárbaro que não pode partilhar a nossa mesa.

                           Vitória, segunda-feira, 09 de dezembro de 2002.

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