O Isolamento dos Iluminados
As
pessoas ficam admiradíssimas com os iluminados, assombrando-se com suas vidas.
Como a soma é zero, do lado do grande brilho delas há tremenda escuridão e,
principalmente, isolamento. Imagine Buda ou Jesus. Se há sete níveis (povo,
lideranças, professores, pesquisadores, estadistas, santos/sábios e iluminados,
fora o oitavo, o iluminante, o chamado Sol Invencível, o Pai, Deus/Natureza,
Ele/Ela, ELI), então os iluminados estão no topo da pirâmide, no limite do que
é ainda humano, passando a divino.
Acontece
que os iluminados não vivem em contemporaneidade, ou pelo menos não no mesmo
local.
Pense
em Moisés, Buda, Lao Tsé, Confúcio, Buda, Pitágoras, Jesus, Maomé, Gandhi,
Clarice Lispector. Desses apenas Lao Tsé e Confúcio chegaram a se encontrar. O
isolamento é total. Se todos se voltam para os iluminados, eles se voltam para
o quê? Estando no topo, só resta mesmo Deus, razão pela qual todos eles foram
meio alucinados, quanto a isso, ficando em total dependência de uma ou outra
forma de divindade. A tendência seria a de desprezar os de baixo, como os de baixo
mesmo fazem uns com os outros; entrementes os iluminados não se tornam assim,
pelo contrário, todos foram compassivos, devotando suas vidas ao ensinamento.
E
agora, terror dos terrores, pense no isolamento de Deus.
Como
disse Clarice Lispector em outras palavras, só os que não são grandes podem
pensar que os grandes não sofrem.
Para
tanto brilho, até o escovar de dentes dos iluminados deve comportar dor,
sofrimento indizível, morte em vida. E que admiráveis foram eles, devotando
suas existências, transformando em alegria sua dor humana!
Vitória,
quarta-feira, 09 de outubro de 2002.
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