O Embroma
Minha
mãe, que não passou da sétima ou oitava série, fala as palavras erradas, e
chama o IBAMA de Embroma, que é conjugação do verbo embromar, enganar, mentir,
iludir, enrolar, enganar, calotear, usar de artifícios para adiar a realização
de um negócio.
Ao
IBAMA compete fiscalizar as matas, dentro da política ecológica, e dar
pareceres sobre os impactos ecológicos dos empreendimentos. O pensamento
corrente é que “corre dinheiro”, o que o povo sempre pensa de tudo.
Entre
as incumbências menores está vigiar o trânsito de animais, por exemplo,
pássaros, que os funcionários apreendem aos montes, de caçadores e
colecionadores. Eles cercam as rodovias e apreendem mesmo. Vão às residências e
tomam na marra. Até então eu apoiava essas atividades, porque afinal de contas
estariam eles protegendo os animais da extinção, o que é um serviço a nós e
principalmente aos que vão nascer num mundo de primeira natureza quase
devastada. Prendem até aqueles pássaros que não podem mais viver ao ar livre,
fora do cativeiro, ao qual se acostumaram, morrendo inapelavelmente se forem
soltos. Isso é ruim.
Acontece
que soube de uma testemunha popular que foi a um desses retiros onde são
recolhidos muitos pássaros que lá estes morrem sem alimentos, totalmente
abandonados. Inquirido, um funcionário disse que não iria gastar dinheiro do
próprio bolso para alimentá-los, em crueza chocante, tanto mais que os órgãos
governamentais têm dinheiro para desperdiçar com Fernandinho Beira-Mar, mas não
com outros prisioneiros da humanidade. Assim caminha a humanidade.
Nunca
desprezo nada do que diz o povo, porque lá há considerável dose de sabedoria,
se você souber ouvir. Minha mãe não é diferente. Apenas torcendo o nome do
órgão estatal ela deu uma nova definição das verdades corrente por lá.
Vitória,
quarta-feira, 09 de outubro de 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário