Nascido para Sofrer
Segundo
Asimov os seres humanos podem padecer de quatro mil doenças genéticas, enquanto
outros falam de cinco mil. Lá está o terrível estoque de sofrimentos, pronto
para nos atingir desde o nascimento. E isso falando só biologicamente, do
corpo, porque a mente sofre uma quantidade incomensuravelmente maior de
problemas durante toda a vida, desde o primeiro vagido e recusa da mãe.
Somando
os problemas físicos/químicos, os biológicos/p.2, os psicológicos/p.3 e os
agora os informacionais/p.4, o montante de problemas é terrivelmente grande. Às
vezes fica parecendo que vamos soçobrar, vamos capitular, arriar a crista,
entregar o ouro ao bandido, mas a gente resiste e vai adiante.
Como
eu já disse de outras vezes, viver é resolver problemas. Se você pára de
resolvê-los começa a morrer, seja pessoa (indivíduo, família, grupo, empresa)
ou ambiente (município/cidade, estado, nação, mundo). Fica à beira do caminho
como, se tiver sorte, saudosa memória.
Então,
isso de ter nascido para sofrer é apenas metade da história, 50 a que faltam os
outros 50 para fazer a realidade inteira, o mundo 50/50 integral.
Autocomiseração, compaixão por si mesmo, auto clemência, autoindulgência, auto
piedade, auto misericórdia, essa patetice que temos de sentir dó de nós mesmos.
Você pode ficar nisso ou prestar atenção nos 50 % de brilho, de fulgor, de
claridade e de efusão, de verdadeiro derramamento de benesses.
Pode
até, sabendo que é fase e haverá uma baixa que zere a alta de antes ou a de
depois, aproveitar aquele momento de sofrimento para considerar e reperspectivar
o futuro brilhante. Pode se preparar na dor para a alegria. Seja sábio, não
existe só isso de sofrimento. As pessoas que falam assim estão tirando alegria
de nossas vidas, extraindo nosso bem-estar, são vampiros emocionais. Dizem que a
chatíssima mulher de James C. Maxwell falava nas festas: “James, vamos embora,
você está começando a se divertir”. Há gente que só está feliz apanhando, os
masoquistas, mas nem todos precisam ser assim.
Embora
o modelo diga que 2,5 % nasceram realmente para sofrer, o que é inevitável, 39
em 40 não o fizeram, nem faz sentido que se deixem aborrecer por aquele miserável
e depressivo 1/40. Pelo contrário, é preciso sair disso e procurar a ajudá-los
no que for possível (pois eles sempre voltarão ao prazer de sua desgraça).
Vitória,
quinta-feira, 05 de dezembro de 2002.
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