sexta-feira, 13 de janeiro de 2017


Nascido para Sofrer

 

                            Segundo Asimov os seres humanos podem padecer de quatro mil doenças genéticas, enquanto outros falam de cinco mil. Lá está o terrível estoque de sofrimentos, pronto para nos atingir desde o nascimento. E isso falando só biologicamente, do corpo, porque a mente sofre uma quantidade incomensuravelmente maior de problemas durante toda a vida, desde o primeiro vagido e recusa da mãe.

                            Somando os problemas físicos/químicos, os biológicos/p.2, os psicológicos/p.3 e os agora os informacionais/p.4, o montante de problemas é terrivelmente grande. Às vezes fica parecendo que vamos soçobrar, vamos capitular, arriar a crista, entregar o ouro ao bandido, mas a gente resiste e vai adiante.

                            Como eu já disse de outras vezes, viver é resolver problemas. Se você pára de resolvê-los começa a morrer, seja pessoa (indivíduo, família, grupo, empresa) ou ambiente (município/cidade, estado, nação, mundo). Fica à beira do caminho como, se tiver sorte, saudosa memória.

                            Então, isso de ter nascido para sofrer é apenas metade da história, 50 a que faltam os outros 50 para fazer a realidade inteira, o mundo 50/50 integral. Autocomiseração, compaixão por si mesmo, auto clemência, autoindulgência, auto piedade, auto misericórdia, essa patetice que temos de sentir dó de nós mesmos. Você pode ficar nisso ou prestar atenção nos 50 % de brilho, de fulgor, de claridade e de efusão, de verdadeiro derramamento de benesses.

                            Pode até, sabendo que é fase e haverá uma baixa que zere a alta de antes ou a de depois, aproveitar aquele momento de sofrimento para considerar e reperspectivar o futuro brilhante. Pode se preparar na dor para a alegria. Seja sábio, não existe só isso de sofrimento. As pessoas que falam assim estão tirando alegria de nossas vidas, extraindo nosso bem-estar, são vampiros emocionais. Dizem que a chatíssima mulher de James C. Maxwell falava nas festas: “James, vamos embora, você está começando a se divertir”. Há gente que só está feliz apanhando, os masoquistas, mas nem todos precisam ser assim.

                            Embora o modelo diga que 2,5 % nasceram realmente para sofrer, o que é inevitável, 39 em 40 não o fizeram, nem faz sentido que se deixem aborrecer por aquele miserável e depressivo 1/40. Pelo contrário, é preciso sair disso e procurar a ajudá-los no que for possível (pois eles sempre voltarão ao prazer de sua desgraça).

                            Vitória, quinta-feira, 05 de dezembro de 2002.

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