Anha,
Anha, Anha
Do pouco que sei, do quase nada que
investiguei, lendo bastante, não sabendo outras línguas posso aquilatar que a
língua portuguesa-brasileira seja das mais belas do mundo.
Ruim é algo que não presta, desde objetos a
serviços e pessoas ou ambientes, ligações ou inter-relações. “É ruim, hem? ” (Pronunciado
como ruuiiim - quanto mais vogais, pior) é negação violenta, rejeição, repulsa,
abominação, recusa de participação e tem vários outros sentidos.
Ahn é interrogação, como hã?
Já ANHA é indescritível e mais ainda quando
triplicada, mas tento assim mesmo. Quer dizer negação, mas com desprezo,
zombaria, “você não vai pegar de jeito nenhum”, “tente pegar”, significando insolência
da parte do pretendente, com aviso de perigo.
E assim há milhares e milhares de vocábulos
não estudados.
A gíria não é somente tentativa de formar
subgrupos com exclusão dos não-falantes, mostra confronto, afirma que alguém está
se colocando em oposição ao dominante, que está se formando um grupo de
ultrapassamento e tomada de posição num futuro mais ou menos distante – porisso
mesmo deveria ser constantemente renovado o dicionário de gírias. Milhares e
milhares de apalavras hoje usadas devem ter sido gírias outrora. Do mesmo modo
os lugares-comuns, os trejeitos culturais, os maneios e todo modo de
escamotear, como o gestual do tipo daquele de passar as unhas na roupa para
indicar sujeira do que se aproxima.
São psicologias e, é claro, os psicólogos
passaram longe mais uma vez, sequer tomam a língua como (é também dialógica
matemática alta) psic. (elevada, a da escrita, teórica; rasteira – mas de modo
nenhum desprezível, pelo contrário – a da fala prática, dança da cobra) objeto
de estudo da alma.
GÍRIACIONÁRIO
Tenho este.
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A gíria é gênero de apontamento de discrepância,
desacordo. Onde há gíria há opositor, negador (ela aponta gente excluída, em
condição de sujeição, mas que resiste um tanto).
Vitória, quinta-feira, 12 de janeiro de 2017.
GAVA.
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