terça-feira, 3 de janeiro de 2017


Mudanças Diferenciais e Ciência

 

                            Trotsky falou disso, que as mudanças dos conjuntos são diferenciais, o que incorporei como a quarta lei da dialética (às quais acrescentei dois corolários, o tensor ou mola dialética, e o virtual ou herança de info-controle). Quer dizer que todo conjunto, por exemplo, os pessoais (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os ambientais (municípios/cidades, estados, nações e mundos) mudam diferencialmente, ou seja, em velocidades distintas, tanto qualitativa quanto quantitativamente, e em todo par polar oposto/complementar.

                            Essa é uma importantíssima percepção, que usarei desta forma: na Filosofia só os grandes pensam realmente, os pequenos não passando de apêndice das casas principais, de agregados à Casa de Kant, à Casa de Popper, à Casa de Descartes, etc. Na Ciência é diferente, os pequenos têm lugar, eles podem trabalhar na direção/sentido estabelecida (o) por quaisquer grandes pensadores, ou até na ausência destes, de forma que a Ciência cresce como um tumor (para o bem e para o mal). A democracia relativa, a destruição dos ícones pela negação experimental de suas teses superafirmativas, a defecção de uns em relação aos paradigmas dominantes em busca de liberdade mais adequada de expressão noutros escaninhos da busca geral, a contínua pesquisa & o furioso desenvolvimento teórico & prático, em inumeráveis laboratórios e salas de institutos e universidades, permitem que acréscimos infinitesimais sejam feitos o tempo todo, sem maiores problemas, o que não acontece na Filosofia – nesta o que foi pensado há 500 anos continua tão válido como sempre.

                            Então as mutações, e a mutabilidade, a qualidade ou grau de liberdade do que é mutável, é muito maior na Ciência geral, e a mutação diferencial pode acontecer a uma taxa incomparavelmente mais alta que na Filosofia/Ideologia, na Teologia/Religião e na Magia/Arte. Os conjuntos mudam diferencialmente a uma velocidade altíssima, que vem até se acelerando. Há saltos, há saltos tempestuosos, sem a mínima reverência para com o estabelecido. Assim sendo, a propagação da mutação diferencial, em virtude dessa rapidez, coloca a Ciência como extraordinariamente apta à sobrevivência, na luta pela seleção do info-controle mais apto ou mais hábil, visando deixar descendência no futuro. Em razão dessa capacidade de endodigestão a Ciência tende a ser cooptada por todas as outras formas de conhecimento, menos a Matemática, que é na realidade a mãe e o pai de todos.
                            Vitória, quinta-feira, 24 de outubro de 2002.

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