Mídia de Conteúdos das Elites
Durante
muitas décadas vi surgir e desaparecer “jornais de idéias”. Por quê não se
sustentaram? Creio que é porque se destinavam às elites intelectuais, eram
desde o início índice desse sadomasoquismo racional que corrói os intelectuais
– já são lançados para fracassar, depois servido de base para acusações à
coletividade de “desinteresse” pelas coisas elevadas. Não são práticos nem
teóricos, são anúncios destinados à perda.
Não se
sustentaram porque não miraram OS DESEJOS DO OUTRO LADO. Em geral, parece trivial,
quando a pessoa coloca um ponto de comércio quer atender as vontades alheias,
mas isso não é sondado, não existem enquetes, feitas pelas empresas ou pelos
governos, que identifiquem PRECISAMENTE os interesses dos compradores de
produtos e serviços. Isso também não se dá com relação à mídia (TV, Revista,
Jornal, Livro, Rádio e Internet) de conteúdos, de idéias, de estruturas, que
devem ser preferencialmente voltadas para as elites.
O interesse
dos compradores pode ser resumido num GRANDE INTERESSE, o do crescimento e do
melhoramento. Se a MÍDIA DE CONTEÚDOS é dirigida às elites, deve sugerir
crescimento e melhoramento das elites, que podem ser QUANTITATIVOS e
QUALITATIVOS. O crescimento quantitativo seria o mais justo, pois não se daria
à custa da parceria com o povo, enquanto o qualitativo, que é relativo, que é
percentual, é o do apossamento de parcela maior dos 100 %.
Assim sendo,
como construir uma TV DE CONTEÚDOS? Conteúdos do Conhecimento (Magia/Arte,
Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) geral e
outros? Bom, teríamos de definir primeiro os conteúdos de interesse das elites,
o que depende das tais enquetes. Não pode ter a superficialidade de Caras (que
agrada a muitos, pois vende bastante), deve ser algo que as faça melhorar. As
coisas estão mudando tão rápido no Conhecimento e nas 6,5 mil profissões que
sempre haverá novidades para melhorar os ricos e médios-altos nas facetas do
ser humano (não são apenas as da riqueza monetária e sim de todas – podemos ser
ricos em conhecimentos de plantas, etc.). A Playboy é uma revista de conteúdos,
porém não-racional, surgiu dos sentimentos de Haffner há 40 ou 50 anos. Ela não visa o melhoramento das elites, só o
divertimento das elites financeiras, dos abonados, dos endinheirados.
Se nós
melhorarmos as elites estaremos tirando uma carga de incompreensões e
aproveitamentos das costas do povo – e pode crer que é muito pesada. Elites
mais leves e espertas poderão ajudar o povo a prosperar, a avançar.
As elites
mais avançadas ensinariam as elites mais atrasadas. Como sempre há alguém que
avançou mais a troca de favores fatalmente iria comprimir sob forma pedagógica
nessa MC os avanços mais notáveis em cada área. Agora, em vez de algo que está
pedindo para ser lido ou visto ou ouvido teremos algo que é deveras
interessante, que as elites buscarão com furor. A revista Ciência Hoje, da SBPC, Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência, a Galileu, a Superinteressante, mais antigas, e a Scientific American, que começou a ser
publicada ano passado são boas revistas de conteúdo, mas não desse jeito que
penso, porque todas elas se destinam a publicar artigos do Conhecimento, mesmo
assim não geral e sim especialmente voltados para a Tecnociência, em particular
a Ciência. Não privilegiam os demais conhecimentos, ao passo que essa outra
deveria fazê-lo, como mídia geral. Deveria abordar a Economia e a Psicologia ao
modo do modelo. Enfim, os enquadramentos do modelo, para permitir uma visão
cristalina às elites.
Vitória,
sexta-feira, 10 de janeiro de 2003.
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