terça-feira, 24 de janeiro de 2017


Mídia de Conteúdos das Elites

 

                            Durante muitas décadas vi surgir e desaparecer “jornais de idéias”. Por quê não se sustentaram? Creio que é porque se destinavam às elites intelectuais, eram desde o início índice desse sadomasoquismo racional que corrói os intelectuais – já são lançados para fracassar, depois servido de base para acusações à coletividade de “desinteresse” pelas coisas elevadas. Não são práticos nem teóricos, são anúncios destinados à perda.                          

Não se sustentaram porque não miraram OS DESEJOS DO OUTRO LADO. Em geral, parece trivial, quando a pessoa coloca um ponto de comércio quer atender as vontades alheias, mas isso não é sondado, não existem enquetes, feitas pelas empresas ou pelos governos, que identifiquem PRECISAMENTE os interesses dos compradores de produtos e serviços. Isso também não se dá com relação à mídia (TV, Revista, Jornal, Livro, Rádio e Internet) de conteúdos, de idéias, de estruturas, que devem ser preferencialmente voltadas para as elites.

O interesse dos compradores pode ser resumido num GRANDE INTERESSE, o do crescimento e do melhoramento. Se a MÍDIA DE CONTEÚDOS é dirigida às elites, deve sugerir crescimento e melhoramento das elites, que podem ser QUANTITATIVOS e QUALITATIVOS. O crescimento quantitativo seria o mais justo, pois não se daria à custa da parceria com o povo, enquanto o qualitativo, que é relativo, que é percentual, é o do apossamento de parcela maior dos 100 %.

Assim sendo, como construir uma TV DE CONTEÚDOS? Conteúdos do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) geral e outros? Bom, teríamos de definir primeiro os conteúdos de interesse das elites, o que depende das tais enquetes. Não pode ter a superficialidade de Caras (que agrada a muitos, pois vende bastante), deve ser algo que as faça melhorar. As coisas estão mudando tão rápido no Conhecimento e nas 6,5 mil profissões que sempre haverá novidades para melhorar os ricos e médios-altos nas facetas do ser humano (não são apenas as da riqueza monetária e sim de todas – podemos ser ricos em conhecimentos de plantas, etc.). A Playboy é uma revista de conteúdos, porém não-racional, surgiu dos sentimentos de Haffner   há 40 ou 50 anos. Ela não visa o melhoramento das elites, só o divertimento das elites financeiras, dos abonados, dos endinheirados.

Se nós melhorarmos as elites estaremos tirando uma carga de incompreensões e aproveitamentos das costas do povo – e pode crer que é muito pesada. Elites mais leves e espertas poderão ajudar o povo a prosperar, a avançar.

As elites mais avançadas ensinariam as elites mais atrasadas. Como sempre há alguém que avançou mais a troca de favores fatalmente iria comprimir sob forma pedagógica nessa MC os avanços mais notáveis em cada área. Agora, em vez de algo que está pedindo para ser lido ou visto ou ouvido teremos algo que é deveras interessante, que as elites buscarão com furor. A revista Ciência Hoje, da SBPC, Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a Galileu, a Superinteressante, mais antigas, e a Scientific American, que começou a ser publicada ano passado são boas revistas de conteúdo, mas não desse jeito que penso, porque todas elas se destinam a publicar artigos do Conhecimento, mesmo assim não geral e sim especialmente voltados para a Tecnociência, em particular a Ciência. Não privilegiam os demais conhecimentos, ao passo que essa outra deveria fazê-lo, como mídia geral. Deveria abordar a Economia e a Psicologia ao modo do modelo. Enfim, os enquadramentos do modelo, para permitir uma visão cristalina às elites.

Vitória, sexta-feira, 10 de janeiro de 2003.

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