sexta-feira, 20 de janeiro de 2017


Máquinas Estrangeiras

 

                            Há aqui um aparelho de som Gradiente, que é empresa brasileira, que estragou. Tivemos um outro que estragou também. Embora tivessem sido montados no Brasil, as peças vêm de fora, pois a Gradiente é quase uma maquiadora. A tecnociência é quase toda estrangeira, como para quase tudo nas opções do terceiro e do quarto mundos.

                            Mas há um TV Zenith, (acho que marca americana comprada pelos japoneses) de 43 polegadas, creio, que deu defeito também. Há um videocassete Mitsubishi em que mal conseguimos ver os vídeos. Os computadores são montados no Brasil sobre bases estrangeiras. Só um que tivemos foi consertado 18 vezes, porque os programas davam “pau”. Fora os drivers de CD, que estragam um após o outro. Um Casio Planeo (Color Digital Diary) que já veio com defeito, custou R$ 550 quando o dólar estava a 1,50/1,00, acho, foi há uns cinco ou seis anos, ou mais.

                            Enfim, as máquinas estrangeiras quebram, não são boas coisa nenhuma, nos escravizam também, tirando nosso dinheiro que não dá defeito por algo que quebra sempre. Sendo assim, penso que os brasileiros podem ousar enfrentar o mercado alienígena, porque as coisas feitas aqui não podem dar mais problemas que as feitas por lá.

                            Há essa afobada sensação de maravilhamento com as coisas de fora, mas é tudo bobagem. O colonialismo que ainda vive na alma dos brasileiros por defeito de transferência da pedagogia da autodependência da burguesia local nos faz arriar as calças para os estrangeiros. Não há um pinguinho de decência na burguesia brasileira, sempre ultra dependente. É uma chatice sem fim.

                            Vitória, domingo, 29 de dezembro de 2002.

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