quinta-feira, 5 de janeiro de 2017


Livro Popular de Construção

 

                            Foi uma iniciativa extremamente louvável do nosso amigo RCS no Instituto Jones dos Santos Neves, Vitória, ES, vinte anos atrás, algo precursor, porém não atingiu realmente o povo, em parte porque não foram impressos suficientes livretos, não houve divulgação bastante, e em parte porque teria sido preciso que assumisse as dimensões que vou postular a seguir.

                            Seria preciso periodicidade, por exemplo, que fosse mensal e persistente, até ser um referencial na cabeça dos populares. Frisando a coisa por meses, anos até, haveria uma referência, até lançamento em banca de revista, com as pessoas, mostrando os exemplares em sua posse, assumindo assim integralmente o projeto contínuo.

                            Em segundo lugar, deveria ser biunívoco, das elites para o povo e vice-versa; bilateral, de dois lados, com consulta através de enquetes, perguntando ao povo o que ele deseja saber, como se faz nas pesquisas políticas. Por aí vemos que não pode ser um projeto de pequena monta, nem de curto fôlego, nem de parcos recursos. Mas isso não quer dizer imprimir em papel “nobre”, cuchê ou como chame. É fundamental imprimir em papel de jornal, porque o que se busca são os conteúdos, não as formas.

                            Depois, deve ser minucioso, colocar as vistas explodidas e ampliadas de cada objeto, o custo de cada coisa (em relação ao salário mínimo), onde comprar (lojas de material de construção, todo um catálogo anexo), como pedir e receber ajuda dos filhos que estão nas escolas e sabem lidar com computação, bancos que financiam material, estudo dos juros, prazo de construção, redes de água e esgoto, fossas sépticas, instalação elétrica, projeto gratuito de arquiengenharia, CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), Prefeitura, Corpo de Bombeiros.

                            Em quarto lugar, há que ter interesse real na prosperidade do povo, é preciso ter uma visão de fim da segregação entre os dois brasis. É preciso adotar toda uma percepção de mundo que fale de unidade, de uma nação unida, sem divisões, em que todos são cidadãos e respeitáveis. É preciso filosófica e ideologicamente vê-lo crescendo, melhorando de vida, feliz, amistoso, ou seja, os pensadores e os políticos devem pensar e agir PARA CONTÍNUO PROGRESSO E DESENVOLVIMENTO popular, como está posto no lema na bandeira do Brasil.

                            Mais ainda, é fundamental construir com os melhores materiais, para não termos que fazer de novo. Como dizia meu pai, “quando a cabeça não pensa, o corpo paga”. Se não fizermos bem feito “de prima”, como diz o povo, teremos de fazer outras vez, com sobregasto de recursos financeiros e pessoais, que estariam orientados a outras construções. Devemos colocar árvores, grama, flores em volta, como seria feito para os médios-altos e ricos. Tranqüilidade popular significa sossego geral.

                            E assim por diante.

                            O livreto, ou mesmo livro mais alentado, não seria uma “coisa dada”, algo que vem de cima para baixo, do soberano para os súditos, mas uma comunicação entre irmãos, porisso mesmo sendo mais uma carta amistosa que um ensinamento. Um diálogo de festa junina, até com lendas e folclores, divertimentos, um ALMANAQUE DE AUTO-AJUDA POPULAR, até algo emotivo, sensível, jocoso, brincalhão, enfim qualquer coisa de amorosa, de salvação de ambos os lados.

                            Vitória, quarta-feira, 13 de novembro de 2002.

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