domingo, 1 de janeiro de 2017


Josèphine

 

                            Marie-Josèphe Rose Tascher de La Pagerie, dita Josèphine (em português Josefina). Imperatriz francesa, esposa de Napoleão, nasceu em 1763 (tinha talvez apenas 26 anos em 1789, na Revolução Francesa) e morreu em 1814. Desposou em 1779 (no máximo 16 anos) o visconde de Beauharnais, morto no cadafalso em 1794, e o ainda general Bonaparte em 1796.

                            Ouvi numa entrevista de Isabela Rosselini (filha de Ingrid Bergman e Roberto Rosselini) que Josèphine possuía, ao morrer, SEIS MIL peças de roupas. Deviam ser vestidos, não existiam blusas naquele tempo, pelo menos para as elites (o povo veste o que está disponível e isso sempre se torna moda depois). Isabela vai representá-la em algum filme. Disse ela que a Josèphine dava grande valor à imagem, e isso servirá para comentarmos o par polar oposto/complementar formestrutural. Isto é, formas ou imagens de um lado e estruturas ou conceitos de outros.

                            Evidentemente há dois dicionários, o bom e o ruim, mas há realmente quatro dicionários, juntando-se àqueles dois outros dois, dos pares polares. Então há uma forma-boa, a beleza, e há uma forma-ruim a feiúra, e certamente a viscondessa, depois imperatriz, não iria optar por peças feias de roupas. Tinha o melhor que sua época poderia oferecer, sendo imperatriz, e ainda por cima na França, centro de moda europeu e, portanto, mundial, na época como agora.

                            Imelda Marcos tinha, ao sair junto com Ferdinand Marcos das Filipinas, TRÊS MIL pares de sapatos.

                            O que faz certas pessoas prezarem tanto a evidenciação da forma (enquanto do outro lado há alguns que extremizam para o conceito)? Quanto a forma participa do info-controle, como servem-se as pessoas (indivíduos, famílias, grupos, empresas) e ambientes (municípios/cidades, estados, nações, mundos) dela para dominar as pessoambientes? Como essas formas foram selecionadas para seus efeitos presumidos sobres as almas ou psicologias através da geo-história ou espaçotempo humano? Como lutaram e sobreviveram a luta pela sobrevivência das formas mais aptas? Como é que tal ou qual vestido, posto nesta ou naquela ocasião, favorece esta ou aquela postura dos circunstantes e das próprias usuárias?

                            Josèphine, como Imelda e tantas outras e outros, como esses iuppies das décadas dos 1980 e 1990, sabiam instintivamente o que estavam fazendo, e como esses protestantes que vestem linho estavam explorando o belo, e o que ele permite obter como aceitação no meio, onde se dá a troca de IC, na rede de comensais. Trata-se, evidentemente, de um oportunismo formal, através de imagens. Como é que esse jogo serve à manutenção do poder, desviando as atenções das tomadas de decisões e seus (fatais) deletérios efeitos para (sempre) determinada porção da comunidade?

                            Está bem claro que o conjunto de manipulações formais é coadjuvante do poder e de tudo que ele tem a dar de bom e ruim para uns e outros. O que nós precisamos fazer é estudar melhor COMO ISSO SE DÁ, em cada ponto de troca, em cada pontinstante em que há transferência de IC. Naturalmente isso proporcionará a tecnocientifização das demandas e ofertas de transferência de IC, o que é ao mesmo bom e ruim para o Conhecimento geral dos governempresas frente aos objetos e às pessoambientes a que servem, ou deveriam servir.

                            Vitória, domingo, 13 de outubro de 2002.

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