Jornal do Governo
Já discorri sobre a
MÍDIA GOVERNAMENTAL alhures.
Aqui se trata de
particularizar.
Normalmente os
governantes fazem jornais em papel caro, “para aparecer”, como diz o povo, ou
seja, projetar-se pela forma, quando o conteúdo é que é duradouro, persistente.
É sempre preferível cuidar das estruturas que das formas, pois estas estão
sempre em degradação. Fazer jornal em papel de jornal, como qualquer jornal,
visando a eficácia.
A novidade estaria
nisto: 1) a parte a favor, 2) a parte contra. Correntemente os governantes
(executivos), políticos (legislativos) e juizes (judiciários) são muito
sensíveis, sensíveis demais a qualquer crítica, tomando-as como pessoais. Se
estivessem fora das posições públicas seriam criticados? Não, evidentemente.
Que nos interessa o Senhor Positivíssimo da Silva se ele se situar fora do
governo? É preciso abstrair da identidade pública, pois esta se ofereceu à
malhação do Judas. Convém guardar distância (embora não seja fácil, em virtude
dos argumentos “contra o homem”, ad hominem) nas réplicas.
O modelo é muito
útil para organizar a apresentação do jornal, que deve ter por princípio duas
seções, a do povo (pobres e miseráveis) e a das elites (ricos e médios-altos)
do TER, com duas cores diferentes, por exemplo, azul e vermelho. A seção
popular deve ensinar a melhorar de vida, constantemente primando pela igualdade assimétrica, dando mais a
quem menos tem, exatamente porque o
Governo geral é um consórcio popular de base tributária.
Como interface, o JG
deve ser feito DE FORA PARA DENTRO, do povelite/nação para os governos, e DE
DENTRO PARA FORA, dos governos para o povelite. Ambas as vias são de
info-controle ou comunicação, informando os governantes e os governados. Os
governos não devem arrefecer o ímpeto crítico, quer dizer, não devem “dourar a
pílula”, como diz o adágio popular. As notícias devem ser diretas e até
brutais, evitando-se naturalmente os termos chulos e as ofensas, totalmente
dispensáveis. Entrementes o povelite deve ter liberdade de falar abertamente,
até com palavrões, que serão depurados depois, com o conhecimento dos autores.
Esse funcionamento
não apenas trará sugestões aos montes como evitará que se avolumem as críticas
a ponto de ruptura – isto é, os problemas serão mortos no nascedouro. Como o
Diário Oficial é um JG, cabe modificá-lo também, dando-lhe feição contemporânea
e tecnartística.
Vitória,
segunda-feira, 20 de janeiro de 2003.
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