quinta-feira, 26 de janeiro de 2017


Jornal do Governo

 

                            Já discorri sobre a MÍDIA GOVERNAMENTAL alhures.

                            Aqui se trata de particularizar.

                            Normalmente os governantes fazem jornais em papel caro, “para aparecer”, como diz o povo, ou seja, projetar-se pela forma, quando o conteúdo é que é duradouro, persistente. É sempre preferível cuidar das estruturas que das formas, pois estas estão sempre em degradação. Fazer jornal em papel de jornal, como qualquer jornal, visando a eficácia.

                            A novidade estaria nisto: 1) a parte a favor, 2) a parte contra. Correntemente os governantes (executivos), políticos (legislativos) e juizes (judiciários) são muito sensíveis, sensíveis demais a qualquer crítica, tomando-as como pessoais. Se estivessem fora das posições públicas seriam criticados? Não, evidentemente. Que nos interessa o Senhor Positivíssimo da Silva se ele se situar fora do governo? É preciso abstrair da identidade pública, pois esta se ofereceu à malhação do Judas. Convém guardar distância (embora não seja fácil, em virtude dos argumentos “contra o homem”, ad hominem) nas réplicas.

                            O modelo é muito útil para organizar a apresentação do jornal, que deve ter por princípio duas seções, a do povo (pobres e miseráveis) e a das elites (ricos e médios-altos) do TER, com duas cores diferentes, por exemplo, azul e vermelho. A seção popular deve ensinar a melhorar de vida, constantemente primando pela igualdade assimétrica, dando mais a quem menos tem, exatamente porque o Governo geral é um consórcio popular de base tributária.

                            Como interface, o JG deve ser feito DE FORA PARA DENTRO, do povelite/nação para os governos, e DE DENTRO PARA FORA, dos governos para o povelite. Ambas as vias são de info-controle ou comunicação, informando os governantes e os governados. Os governos não devem arrefecer o ímpeto crítico, quer dizer, não devem “dourar a pílula”, como diz o adágio popular. As notícias devem ser diretas e até brutais, evitando-se naturalmente os termos chulos e as ofensas, totalmente dispensáveis. Entrementes o povelite deve ter liberdade de falar abertamente, até com palavrões, que serão depurados depois, com o conhecimento dos autores.

                            Esse funcionamento não apenas trará sugestões aos montes como evitará que se avolumem as críticas a ponto de ruptura – isto é, os problemas serão mortos no nascedouro. Como o Diário Oficial é um JG, cabe modificá-lo também, dando-lhe feição contemporânea e tecnartística.

                            Vitória, segunda-feira, 20 de janeiro de 2003.

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