quinta-feira, 12 de janeiro de 2017


Investindo nas Mulheres

 

                            No Modelo da Caverna cheguei à conclusão de que as mulheres, coletoras, é que inventaram a linguagem mais extensa, a chamada VOZ DA MULHER, de mais adjetivos, mais expressivos; a contagem (soma, subtração, produto e divisão, as operações básicas); as roupas (porque perderam o pêlo); as gamelas e vasos de carregar coisas e cozinhar; a estatuária; a coleta de bijuterias para enfeite, e várias coisas – será preciso aprofundar os raciocínios.

                            Assim, ao contrário de um cenário no qual as mulheres eram puxadas pelos cabelos para procriação, é possível que elas fossem as donas do poder, que os homens de então julgavam portentoso e fantástico. Os homens de então não passavam de acessórios, de adendos de um poder vasto e incompreensível, com dezenas, centenas e até milhares de pessoas em grandes cavernas muito profundas. Até que os homens as atraíssem para casas-cavernas situadas fora dos buracos, elas é que mandaram.

                            Necessariamente, por milhares de anos, talvez desde a EVA MITOCONDRIAL e do ADÃO Y, que apareceram quase ao mesmo tempo em lugares distintos da África, quem sabe desde 200 a 50 mil ou até 10 mil anos atrás, elas é que conduziram a marcha da acumulação humana. Estou agoraqui ciente de que foi assim.

                            ENTÃO, elas desenvolveram inúmeros talentos, que estão desde aquelas eras amortecidos, ocultados, aquietados. Habilidades sem as quais não podemos mesmo passar e que valeriam muito hoje, se despertadas. Conseqüentemente, se as mulheres forem valorizadas, podem nos trazer todo aquele suporte formidável, que faz falta ao equilíbrio do corpomente socioeconômico, hoje em visível desequilíbrio, vista a assimetria bilateral dos poderes.                  

                            Eu penso que não é apenas caso de igualdade postulada pela nobreza de propósitos do cristianismo e sim o mais legítimo auto-interesse dos homens, egoísmo mesmo, que elas possam chegar a maior participação, e que invistamos na recuperação daquelas inclinações, depois de termos estudado-as bem mais. Não se trata só de dar, mas de receber desse repositório de capacidades latentes.

                            O mundo será muito melhor para todos se investirmos pesadamente nas mulheres.

                            Vitória, sábado, 28 de dezembro de 2002.

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