domingo, 1 de janeiro de 2017


Fotografias com Arranjos de Clipes

 

                            Estava no Posto Fiscal José do Carmo, divisa com o RJ, fazendo umas brincadeiras com clipes para passar o tempo e distrair os colegas, neste caso a R, e ela usou o bordão popular “ele é maluco”, o que com a raiva derivada de resistência que tenho me fez fazer uma lista para posteriormente transformarmos em fotografias. Também ia dar a ela participação nas patentes, mas desisti.

                            Essa lista está em anexo.

                            Tal acontecimento nos ajudará a raciocinar sobre normalidade.

                            O que é normal?

                            Existe uma definição em matemática e outra de dicionário, mas não usarei nenhuma das duas. Vamos raciocinar. Normal é o que está na média, que é muito difícil de definir, porque o campo psicológico, pelos nascimentos e mortes, e pela mudança contínua nas mentes e corpos (biunivocidade corpomental ou individual ou psicossomática), está sempre em mudança. MESMO QUE tivéssemos (e não temos) plena matematização psicológica seria dificílimo estabelecer, e assim mesmo com certa margem de erro. Então, para começar, não é possível encontrar a normal de um campo na prática, quantitativamente.

Qualitativamente, enquanto conceito, normal é um julgamento, mais ou menos vago, do que é apropriado num determinado espaçotempo ou geo-história de conjunto: de pessoas (indivíduos, famílias, grupos, empresas) e de ambientes (municípios/cidades, estados, nações, mundos). O que é apropriado a um conjunto de indivíduos? Seria preciso que os indivíduos conversassem, e quanto maior for o conjunto mais difícil fica os 2n diálogos (depois 3p, depois 4q, etc.) tornarem-se possíveis, e, portanto, é cada vez mais difícil a qualquer tecnociência possibilitá-lo, até porque durante a conversa cada indivíduo iria modificando seu pensamento (e seu comportamento também), até invertendo-o completamente. A coisa pulsaria tremendamente. Na teoria, também, não é possível encontrar a normalidade, porque ela deve ser, por definição, uma incerteza, como na Física o Princípio da Incerteza, de Heisenberg.

                            Normalidade é um apego dos tolos, dos que não sabem raciocinar melhor, dos que desejam sujeitar os outros à tirania de suas concepções (se não sabem raciocinar devem ter concepções erradas). Como disse Caetano, de perto ninguém é normal. Concluo que desejar julgar as pessoas normais ou anormais não é também normal, é uma imprecisão da mente de quem julga, um desejo infantil de afastar-se de presumidos perigos, taxando fulano e beltrano como de fora da roda de pertinência. Ou é desejo próprio ou é coletivo, imposto pelo ambiente, pelo quê a pessoa não saberia resistir, ter opinião própria e definida. Seria um fraco. É um complexo de Peter Pan, de quem não deseja crescer para não ter de enfrentar perigos, problemas. É julgamento de quem se acha inferior ao ambiente e a outras pessoas (e, portanto, acha outros superiores). Essa pessoa, visto que julga haver desnível entre uns e outros, será necessariamente um bajulador, incapaz de assumir suas posições. Da bajulação à entregação é um passo, minúsculo mesmo, fácil de ser dado. Se a pessoa entrega, é um dedo duro. E assim por diante. Veja só o que podemos saber das pessoas via raciocínio e com poucas palavras que ela pronuncie.
                            Vitória, domingo, 13 de outubro de 2002.  

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