Fotografias com Arranjos de Clipes
Estava
no Posto Fiscal José do Carmo, divisa com o RJ, fazendo umas brincadeiras com
clipes para passar o tempo e distrair os colegas, neste caso a R, e ela usou o
bordão popular “ele é maluco”, o que com a raiva derivada de resistência que
tenho me fez fazer uma lista para posteriormente transformarmos em fotografias.
Também ia dar a ela participação nas patentes, mas desisti.
Essa
lista está em anexo.
Tal
acontecimento nos ajudará a raciocinar sobre normalidade.
O que é normal?
Existe
uma definição em matemática e outra de dicionário, mas não usarei nenhuma das
duas. Vamos raciocinar. Normal é o que está na média, que é muito difícil de
definir, porque o campo psicológico, pelos nascimentos e mortes, e pela mudança
contínua nas mentes e corpos (biunivocidade corpomental ou individual ou
psicossomática), está sempre em mudança. MESMO QUE tivéssemos (e não temos)
plena matematização psicológica seria dificílimo estabelecer, e assim mesmo com
certa margem de erro. Então, para começar, não é possível encontrar a normal de
um campo na prática, quantitativamente.
Qualitativamente,
enquanto conceito, normal é um julgamento, mais ou menos vago, do que é
apropriado num determinado espaçotempo ou geo-história de conjunto: de pessoas
(indivíduos, famílias, grupos, empresas) e de ambientes (municípios/cidades,
estados, nações, mundos). O que é apropriado a um conjunto de indivíduos? Seria
preciso que os indivíduos conversassem, e quanto maior for o conjunto mais
difícil fica os 2n diálogos (depois 3p, depois 4q,
etc.) tornarem-se possíveis, e, portanto, é cada vez mais difícil a qualquer
tecnociência possibilitá-lo, até porque durante a conversa cada indivíduo iria
modificando seu pensamento (e seu comportamento também), até invertendo-o
completamente. A coisa pulsaria tremendamente. Na teoria, também, não é
possível encontrar a normalidade, porque ela deve ser, por definição, uma
incerteza, como na Física o Princípio da Incerteza, de Heisenberg.
Normalidade
é um apego dos tolos, dos que não sabem raciocinar melhor, dos que desejam
sujeitar os outros à tirania de suas concepções (se não sabem raciocinar devem
ter concepções erradas). Como disse Caetano, de perto ninguém é normal. Concluo
que desejar julgar as pessoas normais ou anormais não é também normal, é uma
imprecisão da mente de quem julga, um desejo infantil de afastar-se de
presumidos perigos, taxando fulano e beltrano como de fora da roda de
pertinência. Ou é desejo próprio ou é coletivo, imposto pelo ambiente, pelo quê
a pessoa não saberia resistir, ter opinião própria e definida. Seria um fraco. É
um complexo de Peter Pan, de quem não deseja crescer para não ter de enfrentar
perigos, problemas. É julgamento de quem se acha inferior ao ambiente e a
outras pessoas (e, portanto, acha outros superiores). Essa pessoa, visto que
julga haver desnível entre uns e outros, será necessariamente um bajulador,
incapaz de assumir suas posições. Da bajulação à entregação é um passo,
minúsculo mesmo, fácil de ser dado. Se a pessoa entrega, é um dedo duro. E
assim por diante. Veja só o que podemos saber das pessoas via raciocínio e com
poucas palavras que ela pronuncie.
Vitória, domingo, 13 de outubro de 2002.
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