terça-feira, 10 de janeiro de 2017


Eu e Não-Eu

 

                            Vejamos as pirâmides da evolução/revolução/reevolução.

                            A micropirâmide: campartícula fundamental, subcampartículas, átomos, moléculas, replicadores, células, órgãos e corpomentes. A mesopirâmide: indivíduos, famílias, grupos, empresas, municípios/cidades, estados, nações e mundos. A macropirâmide: planetas, sistema solares, constelações, galáxias, aglomerados, superaglomerados, universos e pluriverso. Há avanços, saltos e reavanços.

                            O EU ou EGO é a identificação de si.

                            Como temos os pares polares opostos/complementares, há o sentimental, sem explicação, e o racional, com explicação, daí que tenhamos DOIS EGOS, o EU-sentimental e o EU-racional. Normalmente, como se sabe, o ES é chamado ID ou inconsciente e o ER é denominado de consciente ou simplesmente EGO, seguindo a nomenclatura freudiana. Neste sentido somente o EGO é realmente um EU, identificação racional ou explicativa de si como ser separado dos demais. Assim sendo, ele começa com os indivíduos racionais e não com qualquer corpomente, porque todos os seres com um cérebro, ainda que incipiente, o seriam, por exemplo, a primeira ameba.

                            Enquanto indivíduos devemos começar nossa geo-história da identificação do EGO com os hominídeos, em especial o homo sapiens sapiens, nossa espécie, lá onde, na África, as manchas cromossômicas da EVA MITOCONDRIAL e do ADÃO Y, pouco distanciados no tempo e no espaço de surgimento, fundiram-se e produziram o HSS. Daí emergiu a mesopirâmide. Para o par fundamental, os dois egos homem e mulher funcionais como HSS, o não-eu era tudo que não era humano e humano era apenas o par. Agora o não-eu é majoritariamente humano e quase não prestamos atenção às naturezas antecedentes. Poderíamos dizer que os prédios, as pontes, os objetos são não-humanos, mas não seria verdade. Eles são humanos, psicológicos, racionais, trazem nossa marca indelével. Pouco sobrou de não-humano (e essas coisas são preciosas). É claro que há bastante, mas diminui a olhos vistos.

                            A segunda abordagem diferenciadora do EGO e não-EGO é virtual, provindo do raciocínio. Como sabemos o que é não-EGO? Temos os sentidos externinternos (visão, paladar, olfato, audição, tato) que nos trazem dados do exterior. Como sabemos que não geramos internamente esses dados? Há um debate que é infindável (são pares polares opostos/complementares, não há como dar preferência a um ou outro) sobre isso. No extremo essa posição de geração interna é denominada solipsismo, a doutrina de que só existem o eu e suas sensações. Como diz o Houaiss de computador.

                            Não se tratando desse debate acirrado (que a colocação adiante não eliminará), podemos dizer que há alto grau de certeza de existir um mundo exterior PORQUE PODEMOS REAGIR com a elaboração de frases conforme mudam os cenários-de-dados (dados-de-sentido colocados em conjuntos coerentes) e receber respostas provocativas das mesmas percepções, respostas que pedem dados que temos dentro de nós. Quer dizer, NÓS CON/VERSAMOS, versamos-juntos, recebemos sucessivas confirmações. Veja que se apenas raciocinássemos sobre os elementos dos quadros de sensações tudo seria apenas interno e suspeito, ao passo que quando temos respostas, por não as termos gerado, por nunca as termos pensado, a probabilidade de que venham de fora cresce extraordinariamente, porque do contrário deveríamos supor um inconsciente poderoso TÃO GRANDE que deveríamos ter dentro de nós Deus, o não-finito, gerando a multiplicidade de respostas. Isso não está eliminado, mas como o cérebro é pequeno diante de tudo que vemos, a probabilidade maior é que exista um não-eu que gera respostas para nossas indagações. Assim, a aproximação do outro é condição dupla de estabilidade: tanto para prazer quanto para equilíbrio racional. CON/VERSAR é uma dupla imposição da evolução, útil para construção e para afastamento da idéia de solidão solipsista, o que viria a dar num círculo de retroalimentação positiva disruptiva.

                            Dessas respostas que nos vem de fora aquelas derivadas de previsão sobre o campo de memórias do universo são as mais úteis como confirmadoras do não-eu, tipo as previsões da Física que se confirmam quarenta anos depois. Veja a potência de tudo.

                            Essa CONFIRMABILIDADE potencial, a crescente probabilidade não foi estudada e porisso mesmo não foi exposta como um número, um PERCENTUAL DE CONFIRMAÇÃO. Dado que nenhum lado vai vencer o outro, pelo menos tal número daria tranqüilidade a quem deve trabalhar a bruta matéria para nosso sustento.

                           Vitória, segunda-feira, 02 de dezembro de 2002.

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