Eu e Não-Eu
Vejamos
as pirâmides da evolução/revolução/reevolução.
A
micropirâmide: campartícula fundamental, subcampartículas, átomos,
moléculas, replicadores, células, órgãos e corpomentes. A mesopirâmide:
indivíduos, famílias, grupos, empresas, municípios/cidades, estados, nações e
mundos. A macropirâmide: planetas, sistema solares, constelações,
galáxias, aglomerados, superaglomerados, universos e pluriverso. Há avanços,
saltos e reavanços.
O
EU ou EGO é a identificação de si.
Como
temos os pares polares opostos/complementares, há o sentimental, sem explicação,
e o racional, com explicação, daí que tenhamos DOIS EGOS, o EU-sentimental e o
EU-racional. Normalmente, como se sabe, o ES é chamado ID ou inconsciente e o
ER é denominado de consciente ou simplesmente EGO, seguindo a nomenclatura
freudiana. Neste sentido somente o EGO é realmente um EU, identificação
racional ou explicativa de si como ser separado dos demais. Assim sendo, ele
começa com os indivíduos racionais e não com qualquer corpomente, porque todos
os seres com um cérebro, ainda que incipiente, o seriam, por exemplo, a
primeira ameba.
Enquanto
indivíduos devemos começar nossa geo-história da identificação do EGO com os
hominídeos, em especial o homo sapiens sapiens, nossa espécie, lá onde, na
África, as manchas cromossômicas da EVA MITOCONDRIAL e do ADÃO Y, pouco
distanciados no tempo e no espaço de surgimento, fundiram-se e produziram o
HSS. Daí emergiu a mesopirâmide. Para o par fundamental, os dois egos homem e
mulher funcionais como HSS, o não-eu era tudo que não era humano e humano era
apenas o par. Agora o não-eu é majoritariamente humano e quase não prestamos
atenção às naturezas antecedentes. Poderíamos dizer que os prédios, as pontes,
os objetos são não-humanos, mas não seria verdade. Eles são humanos,
psicológicos, racionais, trazem nossa marca indelével. Pouco sobrou de
não-humano (e essas coisas são preciosas). É claro que há bastante, mas diminui
a olhos vistos.
A
segunda abordagem diferenciadora do EGO e não-EGO é virtual, provindo do
raciocínio. Como sabemos o que é não-EGO? Temos os sentidos externinternos
(visão, paladar, olfato, audição, tato) que nos trazem dados do exterior. Como
sabemos que não geramos internamente esses dados? Há um debate que é infindável
(são pares polares opostos/complementares, não há como dar preferência a um ou
outro) sobre isso. No extremo essa posição de geração interna é denominada
solipsismo, a doutrina de que só existem o eu e suas sensações. Como diz o
Houaiss de computador.
Não
se tratando desse debate acirrado (que a colocação adiante não eliminará),
podemos dizer que há alto grau de certeza de existir um mundo exterior PORQUE
PODEMOS REAGIR com a elaboração de frases conforme mudam os cenários-de-dados
(dados-de-sentido colocados em conjuntos coerentes) e receber respostas
provocativas das mesmas percepções, respostas que pedem dados que temos dentro
de nós. Quer dizer, NÓS CON/VERSAMOS, versamos-juntos, recebemos sucessivas
confirmações. Veja que se apenas raciocinássemos sobre os elementos dos quadros
de sensações tudo seria apenas interno e suspeito, ao passo que quando temos
respostas, por não as termos gerado, por nunca as termos pensado, a
probabilidade de que venham de fora cresce extraordinariamente, porque do
contrário deveríamos supor um inconsciente poderoso TÃO GRANDE que deveríamos
ter dentro de nós Deus, o não-finito, gerando a multiplicidade de respostas.
Isso não está eliminado, mas como o cérebro é pequeno diante de tudo que vemos,
a probabilidade maior é que exista um não-eu que gera respostas para nossas
indagações. Assim, a aproximação do outro é condição dupla de estabilidade:
tanto para prazer quanto para equilíbrio racional. CON/VERSAR é uma dupla
imposição da evolução, útil para construção e para afastamento da idéia de
solidão solipsista, o que viria a dar num círculo de retroalimentação positiva
disruptiva.
Dessas
respostas que nos vem de fora aquelas derivadas de previsão sobre o campo de
memórias do universo são as mais úteis como confirmadoras do não-eu, tipo as
previsões da Física que se confirmam quarenta anos depois. Veja a potência de
tudo.
Essa
CONFIRMABILIDADE potencial, a crescente probabilidade não foi estudada e
porisso mesmo não foi exposta como um número, um PERCENTUAL DE CONFIRMAÇÃO.
Dado que nenhum lado vai vencer o outro, pelo menos tal número daria
tranqüilidade a quem deve trabalhar a bruta matéria para nosso sustento.
Vitória,
segunda-feira, 02 de dezembro de 2002.
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