domingo, 1 de janeiro de 2017


El Niño

 

                            Primeiro eu tinha ouvido falar que os cientistas anunciaram que o fenômeno meteorológico do El Niño era conseqüência dos destemperos humanos, quer dizer, tinha aparecido em virtude do efeito estufa, supostamente provocado pelo aumento do dióxido de carbono resultante das emissões de gases por automóveis e fábricas.

                            Depois descobriram que ele possivelmente tinha quinhentos anos ou mais, havendo relatos da época dos incas sobre as chuvas torrenciais provocadas por ele.

                            Agora descobriram em lagos peruanos, retirando amostras do fundo deles, que na realidade ele têm QUINZE MIL anos ou mais. Nada tem realmente a ver não só com a poluição atmosférica provocada pela civilização industrial como é mais antigo que qualquer índice civilizatório humano, por mais remoto que seja.

                            Em resumo, os cientistas jogaram a culpa sobre nós. Claro que a poluição é terrível, é desprezível, e seus responsáveis, que são em primeiro lugar a economia capitalista e em segundo lugar os desejos de produtos de todos e cada um, são culpados mesmo. Porém a coisa é incomparavelmente mais antiga, remonta a eras quando a humanidade sequer era uma força minimamente significativa em termos planetários.

                            Isso nos alerta sobre quão perigoso é levantarmos hipóteses favoráveis ou desfavoráveis, e quão daninha pode ser a Ciência geral quando a serviço do voluntarismo humano acobertado por tais ou quais desejos de classe e outros. As forças universais e terrestres são extraordinárias, são gigantescas mesmo. Para se ter uma idéia a Grande Mancha Vermelha em Júpiter é um redemoinho que SÓ DO TEMPO QUE A HUMANIDADE OBSERVA já tem trezentos anos ou mais. Não que não estejamos afetando a Terra, mas precisamos ter mais cuidado com nossas afirmativas.

                            Vitória, segunda-feira, 21 de outubro de 2002.

Nenhum comentário:

Postar um comentário