Duas
Contagens
Nós
sempre contamos nossas geo-histórias de um lado só, o nosso, com nossa visão ou
percepção-de-mundo, sem considerar as outras, em especial as
opostas/complementares, porque cada pessoa é centro de uma esfera de
pronunciamentos. Nunca vemos as vidas dos outros por seus motivos. Ou seja, não
vemos as psicologias alheias (figuras, objetivos, produções, organizações e
espaçotempos), de modo que fica sempre um julgamento, necessariamente
unilateral.
Pois
bem, poderia ser feito um filme em que a primeira contagem fosse pela vista de
uma personagem X, até certo ponto, P, depois se retornando ao início e
voltando-se a P, pela visão de Y. O último terço seria uma contagem isenta Z =
X + Y.
Ou
poderia acontecer de dividir a tela em duas, cada qual contando do seu jeito,
duas versões dos mesmos episódios até P, daí fundindo-se.
Os
espectadores precisam saber que suas versões de vida não são as únicas. Com
isso aprenderão a considerar as vidas dos outros, sem pré-julgamentos, como
pediu Jesus. Daí para frente, quando estiverem assistindo a qualquer filme,
prestarão atenção no outro lado da mesma questão e aprenderão a ver em cada
personagem uma linha cinematográfica, de forma que o Cinema geral será
enriquecido, bem como as discussões socioeconômicas e de Conhecimento geral,
por exemplo, a Filosofia multilateral da existência coletiva e individual.
Vitória,
terça-feira, 29 de outubro de 2002.
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