domingo, 1 de janeiro de 2017


Duas Contagens

 

                            Nós sempre contamos nossas geo-histórias de um lado só, o nosso, com nossa visão ou percepção-de-mundo, sem considerar as outras, em especial as opostas/complementares, porque cada pessoa é centro de uma esfera de pronunciamentos. Nunca vemos as vidas dos outros por seus motivos. Ou seja, não vemos as psicologias alheias (figuras, objetivos, produções, organizações e espaçotempos), de modo que fica sempre um julgamento, necessariamente unilateral.

                            Pois bem, poderia ser feito um filme em que a primeira contagem fosse pela vista de uma personagem X, até certo ponto, P, depois se retornando ao início e voltando-se a P, pela visão de Y. O último terço seria uma contagem isenta Z = X + Y.

                            Ou poderia acontecer de dividir a tela em duas, cada qual contando do seu jeito, duas versões dos mesmos episódios até P, daí fundindo-se.

                            Os espectadores precisam saber que suas versões de vida não são as únicas. Com isso aprenderão a considerar as vidas dos outros, sem pré-julgamentos, como pediu Jesus. Daí para frente, quando estiverem assistindo a qualquer filme, prestarão atenção no outro lado da mesma questão e aprenderão a ver em cada personagem uma linha cinematográfica, de forma que o Cinema geral será enriquecido, bem como as discussões socioeconômicas e de Conhecimento geral, por exemplo, a Filosofia multilateral da existência coletiva e individual.

                            Vitória, terça-feira, 29 de outubro de 2002.

Nenhum comentário:

Postar um comentário