Devoção Pública
Houve
um tempo em que víamos devotados homens públicos servindo aos governos
(municipais/urbanos, estaduais, nacionais e mundial) por salários até pequenos
e queríamos seguir a mesma trilha. De algumas décadas para cá isso tudo mudou e
só vemos agora quase unicamente mercenários, gente que entra nos governos
(principalmente nos executivos) “para se dar bem”, para predar e sair rico,
seja através do caixa dois, seja através do acúmulo de conhecimento
privilegiado a ser usado depois nas empresas. Ou há os que somente querem os
altos salários de marajá.
Onde
foi que erramos?
É
claro que tudo é ciclo, estamos “para baixo” agora como em algum ponto
inflectiremos e estaremos “para cima”
rumo ao melhor dos mundos. Mas essa constatação não nos impede de raciocinar
que as elites governamentais, quando não o povo governamental, os trabalhadores
de baixo, não tem mais missão, elas não se engajam PORQUE não há nada de
desafiador, não há nada de gigantesco, ou ninguém consegue ver o que há de
desenvolvimento importantíssimo no caminho do povelite/nação, por exemplo,
grandes saneamentos, construção de milhões de casas populares de grande
qualidade, desassoreamento dos rios, educação em níveis mais elevados, redução
máxima dos desperdícios, reconstrução da Natureza atacada e destruída ou
ameaçada e outras grandes tarefas.
Em
algum lugar do caminho as grandes tarefas aparentemente desapareceram e as
pessoas ficaram à mercê de seus pequenos desejos egoístas, sem nada de fora que
as chamasse para incumbências maiores que elas e suas vontades de isolamento
pomposo, alienado da coletividade que deveriam representar. Que vácuo tremendo
é este! Que declínio tremendo em relação àqueles sonhos, aquelas pradarias
douradas floridas do melhor pensamento e do melhor sentimento governamental de
outrora. Evidentemente haverá um refluxo e novo espaçotempo iluminado e alegre
surgirá oportunamente. No entanto, estamos no buraco da curva, e é isso que
dói, ver tantos aproveitadores e inescrupulosos vendendo os governos. Só o
rastreamento deles nas últimas décadas já renderia inúmeros livros.
Vitória,
sábado, 23 de novembro de 2002.
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