Deus, Quando se Aborrece...
No livro O Sonho de Descartes (O Mundo de Acordo
com a Matemática), Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1988 (original de 1986,
creio que americano), os autores, Philip J. Davies e Reuben Hersh dizem no
artigo A Hipótese Whorfiana: os Fins e
os Meios das Linguagens Computacionais, p. 177: “’Em toda a terra havia
apenas uma linguagem e uma só maneira de falar’. Assim está escrito em Gênesis
11:1. Os
intérpretes da Bíblia dizem que a geração que sucedeu ao Dilúvio, temendo que o
mundo fosse novamente destruído, decidiu construir uma torre cujo topo fosse
tão alto que o povo pudesse ali sobreviver, acima da crista de qualquer
inundação futura. Esse projeto não agradou ao
Senhor”, coloridos meus.
Tá, não agradaria a
mim também, nem a você, a desconfiança. Se foi dada a palavra, e não uma
palavra qualquer, mas A Palavra, porquê desconfiar?
Parece que quando
Deus se aborrece a coisa fica feia mesmo.
Da primeira vez veio
o Dilúvio e arrasou a Terra inteira, só sobrou, diz a lenda, uma família e um
par de cada espécie animal (como guardar as cerca de, segundo avaliações, 30
milhões de espécies, eu não sei, mas está lá na Bíblia; imagine os problemas de
logística, de alimentação, de acompanhamento veterinário, etc. – aliás, ninguém
raciocinou, nem a título de brincadeira, sobre os problemas de estocagem de
alimentos nessa quantidade).
Depois foi a Torre
de Babel, Deus confundiu logo a Língua Única, universal, tornando-a essa
multiplicidade que aí está, oito mil línguas e dialetos. Que contratempos
agoniantes de info-controle só com essa pincelada!
A seguir foi preciso
mandar o próprio Filho, Jesus Cristo, para consertar os problemas do mundo e
criar um Novo Testamento, uma Nova Herança para os filhos (rabugentos e
implicantes) de Deus. Veja que veio não o primogênito, pois parece que Deus não
faz clones de si mesmo, mas o Filho Unigênito, uma réplica total de Deus, para
“pagar os pecados” da humanidade – ou sabe-se lá que calamidades viriam.
Por um lado, vemos
que quando Deus se aborrece é de arrasar, mesmo! É porradaria da grossa, da
pesada, mesmo. Entrementes, podemos ver que Deus demora a se aborrecer, para
tudo que a humanidade faz de criancices e canalhices. Parece que Deus é
bastante tolerante, dum quietismo tantalizante. Não é assombroso?
Vitória, domingo, 29
de dezembro de 2002.
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