segunda-feira, 9 de janeiro de 2017


Densidade Civilizatória

 

                            Em seu livro, A Vingança do Terceiro Mundo (título em tudo infeliz), Rio de Janeiro, Espaço e Tempo, 1989 (original de 1987 na França), Jean-Claude Chesnais diz, página 293: “Colonizada muito cedo, a França chega à Idade Média completamente habitada. Há muitos séculos que todo o seu espaço está explorado; no século XVIII, a densidade de ocupação de seu solo é muito superior à dos outros países europeus, onde ainda existem vastos territórios selvagens e amplas possibilidades de expansão. A França é o país mais populoso da Europa; de Luís XIV a Napoleão, esta potência demográfica alimenta as ambições hegemônicas de seus dirigentes (que acabaram no desastre que conhecemos). Sem dúvida alguma, este apogeu demográfico coincide com uma dominação total: econômica, financeira, militar, política e cultural, que só podem ser neutralizadas por estratégias de aliança estabelecidas por seus rivais”.

                            Isso me fez pensar no título.

                            Poderíamos determinar a densidade civilizatória de uma nação numa planilha de quesitos, de questões?

·        Área (a tomar conta)

·        População

·        Rede de esgoto

·        Alunos das escolas, nas séries certas pela idade

·        Creches

·        Parques e praças

·        Perfil das classes do TER (A, B, C, D)

·        Posição no perfil dos mundos (primeiro a quarto)

·        Produção (por produtos)

·        Desperdícios como lixo e rejeitos (e lixões a céu aberto)

·        Conflitos, furtos, roubos, agressões a mulheres, crianças e velhos

·        Conflitos raciais

·        Tortura, estupros, pedofilia

·        Fome aparente e subnutrição

·        Destruição de espécies

·        Preservação ecológica

·        Pesquisa & desenvolvimento teórico & prático

·        Patentes e registros gerais

·        Parques aquáticos, praças esportivas

·        Enquetes de felicidade (superficiais e profundas)

·        Locais de diversão

·        Aprovação e desaprovação dos governempresas

·        Desvio de verbas

·        Sonegação

·        Tratamento dentário

·        Atendimento aos doentes e ausência de idas a hospitais

·        Divertimento popular

·        Saúde comunitária, etc.

A ONU tem o IDH, Índice de Desenvolvimento Humano. Quem o estabeleceu e por quê? Que tecnocientistas e pesquisadores do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) geral se debruçaram sobre ele? Todos os países se pronunciaram? O que é “desenvolvimento”? O que é “humano”? O que é “índice”? O que é importante para os seres humanos (segundo as quatro raças, os quatro sexos, os quatro modos de ter, os quatro labores, as quatro economias)? Suponho que seja uma discussão dificílima, porém até onde sei o IDH foi simplesmente estabelecido, não se sabe por quem. Não houve nenhuma celeuma notável, nenhuma disputa de método ou modelo, não debateram publicamente a coisa – alguém dentro da ONU disse que isso e aquilo era importante de mensurar e pronto, estava feito. Desde então seguem fazendo daquele jeito, com pequenas alterações. Classificam uns países como civilizatoriamente densos, como a Noruega, que está em primeiro lugar e outros como atrasados, o que só faz pesar sobre estes.

Contudo, o que é civilização? Como definiremos com propriedade isso? Como definiremos com total propriedade? Não é fácil, não, como qualquer pesquisador pode atestar, pensando apenas um tiquinho. Não obstante, alguns tecnoburocratas da ONU o fizeram, zás, trás. Há qualquer coisa de errado aí.

Vitória, terça-feira, 03 de dezembro de 2002.

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