segunda-feira, 9 de janeiro de 2017


Culto Faustiano da Personalidade

 

                            Fausto foi personagem histórico, provavelmente nascido em Knittlingen, Suábia, Alemanha, por volta de 1480, tendo morrido em torno de 1540, uns 60 anos entre datas, deixando a lenda de ter feito pacto com o demônio para conseguir seus conhecimentos, como conta a Barsa eletrônica. Um anônimo fez a História do Dr. Fausto, de 1587, depois veio o inglês Marlowe em 1604 com A Trágica História do Dr. Fausto, a seguir O Mágico Prodigioso, do espanhol Calderón de La Barca em 1637, mais adiante uma peça inacabada de 1684 do alemão Lessing, a primeira parte do poema dramático do alemão Goethe, de 1808, o musical A Danação de Fausto do francês Berlioz, de 1846, a ópera Fausto, do francês Gounod, além de Schumann, Wagner e List, e sabe-se lá quem mais, terem tratado o tema. Foi filmado e refilmado inúmeras vezes, o tema é mesmo apaixonante.

                            O resultado é que Fausto está no imaginário popular.

                            O Faustão é o programa domingueiro da Rede Globo e deriva seu nome de Fausto Silva, seu apresentador. Seja este, seja a produção ou a política interna da Globo, o fato é que todo domingo um artista (cantor, ator ou atriz, o que for, sempre da Rede, para propaganda, em especial de alguma novela que esteja sendo lançada – e então eles passam à tarde no Vale a Pena Ver de Novo alguma mais antiga que tenha os mesmos artistas, quase todos).

                            Pois bem, no Faustão é aquela chatice de todo domingo termos de ver a vida dos artistas, como eles foram maravilhosos, como são amados, como há tanta veneração por seus trabalhos, como são simples e dedicados, etc. Os cantores, os músicos são mais comedidos, mas seja por obrigação contratual ou por vontade de aparecer mais ainda, o fato é que os atores e atrizes vão lá chorar e se emocionar, seja fingido ou não. É o culto à personalidade, que o pseudo-socialismo encarnou no século passado, o 20, de forma tão desastrosa. É uma coisa demoníaca ver toda semana aquela gente chorando e falando com ex-professoras velhinhas, com amigos que não vêem há 30 ou 40 anos, com parentes, isso é tão tremendamente chato, aporrinhador, azucrinante, cacete! É aborrecido demais, é coisa de embrulhar o estômago.

                            Uma coisa assim tão horrível não pode ser humana, porisso penso que é coisa do demônio, algum pacto impublicável do Fausto.

                            Vitória, domingo, 01 de dezembro de 2002.

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