Culto Faustiano da Personalidade
Fausto
foi personagem histórico, provavelmente nascido em Knittlingen, Suábia,
Alemanha, por volta de 1480, tendo morrido em torno de 1540, uns 60 anos entre
datas, deixando a lenda de ter feito pacto com o demônio para conseguir seus
conhecimentos, como conta a Barsa eletrônica. Um anônimo fez a História do
Dr. Fausto, de 1587, depois veio o inglês Marlowe em 1604 com A Trágica
História do Dr. Fausto, a seguir O Mágico Prodigioso, do espanhol
Calderón de La Barca em 1637, mais adiante uma peça inacabada de 1684 do alemão
Lessing, a primeira parte do poema dramático do alemão Goethe, de 1808, o
musical A Danação de Fausto do francês Berlioz, de 1846, a ópera Fausto,
do francês Gounod, além de Schumann, Wagner e List, e sabe-se lá quem mais,
terem tratado o tema. Foi filmado e refilmado inúmeras vezes, o tema é mesmo
apaixonante.
O
resultado é que Fausto está no imaginário popular.
O
Faustão é o programa domingueiro da Rede Globo e deriva seu nome de
Fausto Silva, seu apresentador. Seja este, seja a produção ou a política
interna da Globo, o fato é que todo domingo um artista (cantor, ator ou atriz,
o que for, sempre da Rede, para propaganda, em especial de alguma novela que
esteja sendo lançada – e então eles passam à tarde no Vale a Pena Ver de
Novo alguma mais antiga que tenha os mesmos artistas, quase todos).
Pois
bem, no Faustão é aquela chatice de todo domingo termos de ver a vida
dos artistas, como eles foram maravilhosos, como são amados, como há tanta
veneração por seus trabalhos, como são simples e dedicados, etc. Os cantores,
os músicos são mais comedidos, mas seja por obrigação contratual ou por vontade
de aparecer mais ainda, o fato é que os atores e atrizes vão lá chorar e se
emocionar, seja fingido ou não. É o culto à personalidade, que o
pseudo-socialismo encarnou no século passado, o 20, de forma tão desastrosa. É
uma coisa demoníaca ver toda semana aquela gente chorando e falando com
ex-professoras velhinhas, com amigos que não vêem há 30 ou 40 anos, com parentes,
isso é tão tremendamente chato, aporrinhador, azucrinante, cacete! É aborrecido
demais, é coisa de embrulhar o estômago.
Uma
coisa assim tão horrível não pode ser humana, porisso penso que é coisa do
demônio, algum pacto impublicável do Fausto.
Vitória,
domingo, 01 de dezembro de 2002.
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