segunda-feira, 9 de janeiro de 2017


Criação Especial

 

                            A dialética teria nos dito, sem necessidade de consultarmos as medições de campo, que o excesso de pressão dos tecnocientistas sobre o mundo, em especial a nação maciçamente mais desenvolvida, os EUA, acabaria por levar ao contrário. A excessiva tecnocientifização dos Estados Unidos, como antes da Grã-Bretanha, levou a resistências dos demais pólos do quadrado do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia e Ciência/Técnica, no centro a Matemática) geral, que se sentem ameaçados de desaparecimento.

                            Os religiosos, mais que os teólogos (que são racionais e, portanto, frios), reagiram com uma dureza nunca vista, de modo que em alguns estados de lá estão ganhando posição e até proibindo o ensino da evolução. Quanto mais os tecnocientistas debocham mais eles se aferram a suas posições firmes e irredutíveis da chamada CRIAÇÃO ESPECIAL, quer dizer, que Deus criou especialmente, como a Bíblia o diz, dentro da evolução darwiniana, ou até que, extremadamente, a ED não existe, absolutamente, apesar das numerosíssimas provas em contrário. Vi um programa em que estudantes de segundo graus, eles mesmo, sem intervenção dos pais e das mães, e até contra as opiniões destes, pediram numa escola que a CE fosse ensinada em paralelo com a ED.

                            Creio que seja necessário não apenas isso, mas QUATRO PEDAGOGIAS, como pedi noutro texto deste Livro. Não apenas pedagogias adaptadas às raças (4), como adaptadas também aos modos de conhecer (4). Como são arranjos, valendo AB diferente de BA, pois a dominância está no primeiro, digamos NEGRO + CIENTISTA (negro que preza mais a militância, estando disposto a abandonar a Ciência caso esta a ameaçasse) # CIENTISTA + NEGRO (o que se sente prioritariamente cientista, só depois prestando atenção a sua cor de pele), devemos ter 4 x 4 = 16 pedagogias, em termos de refinamento.         E aí se seguem os argumentos do modelo, veja o artigo Arte de Fusão, neste Livro 14.   

                            Vemos que deveríamos ter a Criação Segundo os Magos/Artistas, a Criação Segundo os Teólogos/Religiosos (aqui se abre em inúmeras facções, pois cada religião diz algo distinto), a Criação Segundo os Filósofos/Ideólogos e a Criação Segundo os Cientistas/Técnicos, sem falar dos matemáticos. Haverão quatro criações diferentes? Não, claro que não, mas há quatro modos de ver, todos eles verdadeiros. É possível que filósofos e cientistas compartilhem a sua, embora magos e religiosos tendam a divergir.

                            Tal disputa entre criacionistas e tecnocientistas nos lembra quão intolerantes nós somos, o que nos lembra as 14 mil guerras que, diziam os antigos soviéticos, travamos em dez mil anos de geo-história. O que poderia acontecer de mais danoso para o futuro que a separação das pessoas nessas seitas antagônicas dos diversos conhecimentos que, não obstante todas as diferenças, deveriam estar procurando convergir?

                            Os tecnocientistas procederam mal, agora, como os teorreligiosos haviam feito antes. É deplorável. Tal pressão, totalmente indevida, tal chacota, tal avacalhação disruptiva, essa fratura teve a resposta que merecia. Creio que nem foi forte o bastante, os T/C deveriam (e devem, ainda) ser balançados mais um pouco, para ver se despertam do seu pesadelo racional. É irritante demais ver como o orgulho pode ameaçar um projeto inteiro de realizações.

                            Reponham as coisas nos lugares, abrindo espaços para as quatro pedagogias (subdivididas quantas vezes for necessário, nunca esquecendo o centro). Humilhem-se, peçam perdão.
                            Vitória, domingo, 01 de dezembro de 2002.

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