Corpo e Espírito
Em
primeiro de novembro de 2002 meu irmão mais velho, Ary José Gava, foi
barbaramente assassinado, de uma forma nojenta que me faz querer ir embora
deste lugar para sempre. Nenhum assassinato é justificado, nem os que se dão na
guerra. Quatro tiros pelas costas por dois assassinos contratados numa moto e
ninguém descobre coisa alguma.
Tal
é esta nação assassina, o Brasil.
Bom,
fiquei ateu dos 18 aos 43 anos, 25 anos. Aí, vendo racionalmente que Natureza e
Deus, ELI, Ela e Ele constituem necessariamente um e o mesmo, voltei a
acreditar que há um Ente não-finito além do poço que ninguém pode atravessar.
Bom,
vi também que o Dicionário geral, com seus pares polares de
opostos/complementares na Rede de Cognatos compondo tríades verdadeiras, por
exemplo, bem e mal (antônimos) e 0/BEM = CAOS, daí BEM # CAOS sendo
anticognatos, TODOS OS PARES DEVEM EXISTIR, isto é, implicam em realidades
funcionais, uma real e outra virtual.
O
que é real?
O
corpo é, ele é concreto, absoluto, é forma, é figura, é imagem, é coisa de
pegar, é substancial. Então o espírito (= MORTO), seu antônimo, é virtual.
Corpo = CAOS, anticognato de BEM, como vimos. BEM estaria associado a ESPÍRITO,
como o Sumo Bem (= PRIMEIRO BEM, ou espírito ou modelo) platônico. Não existe
realmente o espírito. O corpo, uma vez disfuncional, está finado para sempre,
está absolutamente acabado, não serve para a ressurreição, é inútil conservá-lo
(se a ressurreição for possível, será por algum tipo de ADRN contido no
espírito). Mas, onde está a outra parte, o seu complemento? Uma vez que é
virtual não subsistiria, a menos que haja um relativo que o sustente. Esse
relativo, justamente, é Deus, que está na Tela Final, o UM que conseguiu dar o
salto por sobre o abismo até o não-finito, de onde faz nascer os mundos nas
Grandes Explosões. Só UM relativo é ao mesmo tempo absoluto, só UM virtual é ao
mesmo tempo real, é Deus, o complemento de Natureza, sua Razão superior. Em
Deus se reúnem os pares polares como complementação da oposição.
Só
dessa forma o que não está mais no corpo de meu irmão subsistiria, mergulhando
novamente em Deus. Esse mergulho, como já falei, é necessariamente obediente à
pareação, quer dizer, pode dar-se de dois modos, mantendo ou não a consciência
(o que, de passagem, acaba com a polêmica de se a imersão em Deus é
personalista ou não, quer dizer, se conserva a personalidade de quem submerge;
como vimos, ambos os lados, esquerdo e direito, são verdadeiras em Deus).
Assim, a menos que Deus não exista, Ary está vivo, pessoal ou impessoalmente,
conforme seus méritos.
Vitória,
quinta-feira, 28 de novembro de 2002.
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