Ciência sem Pensamento
Michio
Kaku, em seu livro Visões do Futuro (como a ciência revolucionará o
século XXI), Rio de Janeiro, Rocco, 2001, diz na página 196: “Anderson gosta de
comparar as artes marciais à pesquisa dos mecanismos genéticos básicos da célula.
A ciência ‘é algo que se faz melhor sem pensar, algo transcendente e
intuitivo’, afirma. Em contraste com outras ciências, cujas leis básicas estão
bem estabelecidas, a terapia genética é um campo novo, que está tateando, e
que, como o tae kwon do, requer coragem, inovação e criatividade, bem como
trabalho árduo”.
Como
está no modelo, o Conhecimento é composto de uma parte alta (Magia, Teologia,
Filosofia e Ciência) e de uma parte baixa correspondente (Arte, Religião,
Ideologia e Técnica), e da Matemática, centro de tudo. Por natureza a seção
alta é a que trata dos conceitos, enquanto a baixa refere-se às formas. DE
DEFINIÇÃO conceitualizar é pensar, não é nada mais que isso, é
fundamentalmente isso. Então, pelo lado do conhecimento alto não pode haver
descoberta sem pensamento. E o conhecimento baixo é o reflexo daquele,
portanto, é pensamento também.
Além
disso, TUDO no ser humano é pensamento, mesmo quando disso estamos
inconscientes. Uma pedra não pensa, nem nossas células pensam. Aquilo que denominamos
INCONSCIENTE é também pensamento, sobre o qual não temos condições de
estabelecer as trilhas, enquanto na racionalidade, NO PENSAMENTO EXPOSTO, no
pensamento-de-vigília, nós vemos as coisas seqüenciarem, embora no outro não.
Mesmo se não vemos a seqüência, se não podemos estabelecer o caminho, ele está
lá, e é plenamente pensamento. NÃO EXISTEM DESCOBERTAS SEM PENSAMENTO. Talvez
ele devesse ter dito que se faz melhor ciência inconscientemente. Isso é
contestável, dado que, como se sabe, todos os grandes e até os pequenos
cientistas pensam vigorosamente, para conseguir qualquer resultado, ficando
nisso décadas a fio. Aliás, TODOS OS SERES HUMANOS pensam com vigor. Alguns, é
evidente, não sabem esgotar os assuntos, não se organizam suficientemente, não
estabelecem escaninhos para as conclusões provisórias, não têm método,
científico ou outro. Mas, sem dúvida alguma, ser humano é pensar.
Essa
tal “ciência sem pensamento” que o rapaz deseja está mais para as revelações
religiosas (que viriam da Ciência lá de Deus). Mas, sob a ótica humana de descoberta,
isso não seria ciência, seria doação.
Vitória,
segunda-feira, 21 de outubro de 2002.
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