domingo, 1 de janeiro de 2017


Ciência sem Pensamento

 

                            Michio Kaku, em seu livro Visões do Futuro (como a ciência revolucionará o século XXI), Rio de Janeiro, Rocco, 2001, diz na página 196: “Anderson gosta de comparar as artes marciais à pesquisa dos mecanismos genéticos básicos da célula. A ciência ‘é algo que se faz melhor sem pensar, algo transcendente e intuitivo’, afirma. Em contraste com outras ciências, cujas leis básicas estão bem estabelecidas, a terapia genética é um campo novo, que está tateando, e que, como o tae kwon do, requer coragem, inovação e criatividade, bem como trabalho árduo”.        

                            Como está no modelo, o Conhecimento é composto de uma parte alta (Magia, Teologia, Filosofia e Ciência) e de uma parte baixa correspondente (Arte, Religião, Ideologia e Técnica), e da Matemática, centro de tudo. Por natureza a seção alta é a que trata dos conceitos, enquanto a baixa refere-se às formas. DE DEFINIÇÃO conceitualizar é pensar, não é nada mais que isso, é fundamentalmente isso. Então, pelo lado do conhecimento alto não pode haver descoberta sem pensamento. E o conhecimento baixo é o reflexo daquele, portanto, é pensamento também.

                            Além disso, TUDO no ser humano é pensamento, mesmo quando disso estamos inconscientes. Uma pedra não pensa, nem nossas células pensam. Aquilo que denominamos INCONSCIENTE é também pensamento, sobre o qual não temos condições de estabelecer as trilhas, enquanto na racionalidade, NO PENSAMENTO EXPOSTO, no pensamento-de-vigília, nós vemos as coisas seqüenciarem, embora no outro não. Mesmo se não vemos a seqüência, se não podemos estabelecer o caminho, ele está lá, e é plenamente pensamento. NÃO EXISTEM DESCOBERTAS SEM PENSAMENTO. Talvez ele devesse ter dito que se faz melhor ciência inconscientemente. Isso é contestável, dado que, como se sabe, todos os grandes e até os pequenos cientistas pensam vigorosamente, para conseguir qualquer resultado, ficando nisso décadas a fio. Aliás, TODOS OS SERES HUMANOS pensam com vigor. Alguns, é evidente, não sabem esgotar os assuntos, não se organizam suficientemente, não estabelecem escaninhos para as conclusões provisórias, não têm método, científico ou outro. Mas, sem dúvida alguma, ser humano é pensar.

                            Essa tal “ciência sem pensamento” que o rapaz deseja está mais para as revelações religiosas (que viriam da Ciência lá de Deus). Mas, sob a ótica humana de descoberta, isso não seria ciência, seria doação.

                            Vitória, segunda-feira, 21 de outubro de 2002.

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