domingo, 1 de janeiro de 2017


Causa Final

 

                            No livro de Giovanni Reale e Dario Antiseri, História da Filosofia, vol. I, São Paulo, Paulinas, 1990, p. 621, os autores dizem: “E o que se diz da causa eficiente vale também para a causa final. Quem afirma que ela atua enquanto querida e desejada está falando metaforicamente, porque o desejo e o amor não implicam uma ação efetiva. Ademais, não é possível demonstrar que um evento qualquer tenha uma causa final. Não tem sentido dizer que o fogo queima em função de um fim, posto que não é necessário postular um fim para que se tenha tal efeito”, coloridos meus.         

                            Pela propriedade do não-finito TODAS as coisas opostas são complementares, isto é, no diâmetro da esfera os opostos são definidos pelo mesmo centro. Assim sendo, JÁ HÁ um Deus e já há uma Tela Final, onde está a Equação do Mundo, a plena compreensão terminal de todos os elementos do Desenho de Mundo, mesmo que o ser humano não saiba ver isso e até ache impossível conciliar.

                            Não basta explicar sucessivamente as coisas em quatro ou cinco níveis, o penúltimo sendo o da Ciência e o último e definitivo sendo o da Matemática, fechada em todas as soluções mutuamente compatíveis, exatamente aquela EM.      Não basta dizer COMO as coisas funcionam, isto é, seus processos de consecução; é preciso dizer POR QUE elas funcionam, explicar realmente.

                            Ademais, estando já ELI, Ela/Ele, Natureza/Deus Insconsciente/Consciente desde sempre presente, resulta que é da total liberdade de Deus, um dos seus não-finitos atributos, conceder liberdade transitória ao desenho de mundo. Havendo dois espaçotempos, um não-finito, onde cabem todos os outros, e vários finitos, que são os transitórios, esses em transição, todos e cada um, recebem liberdade, inclusive de compreender, que é sempre parcial e não-fechada na solução final, a qual está unicamente na Tela Final.

                            Por conseguinte a Causa Final é a mesma Causa Inicial.

                            Não é um evento só que tem causa final; TODOS têm, pois a Causa Final foi a que criou a Causa Inicial, e vice-versa – ouroboros, a cobra que engole o rabo.

                            E é efetivamente necessário postular um fim, pois de outro modo não se saberia como completar o par polar Natureza/Deus, que nos diz que o Acaso da Natureza deve ser completado pela Necessidade de Deus. Todos os acasos da natureza juntos perfazem ou refazem o único necessário de Deus.

                            Não há senão aquilo que chamei de “apelo teleológico” ou chamamento teleológico, desde o fim até o começo; as coisas convergirão NECESSARIAMENTE para a Causa Final, que reinicia ou redispara os universos do Pluriverso geral do espaçotempo de configuração.

                            PORTANTO, se segue que a Causa Final existe, e é a mesma Causa Inicial. Ademais, todas as causas intermediárias e todos os efeitos convergem ENQUANTO EXPLICAÇÃO, enquanto fechamento de todas as soluções; de tal modo que do ponto único da Causa Inicial, passando pela árvore de causefeitos mediadores e chegando à Causa Final, tudo é uma e a mesma Causa e um e o mesmo Efeito. Para explicar totalmente o fogo deve-se recorrer à plenitude da Tela Final, isto é, como a Causa Finalinicial explica e realiza o fogo, desde as origens.

                            Daí que ela não só existe de fato como é a causa de todas as causas intermediárias.

                            Vitória, segunda-feira, 21 de outubro de 2002.

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