Causa Final
No
livro de Giovanni Reale e Dario Antiseri, História da Filosofia, vol. I,
São Paulo, Paulinas, 1990, p. 621, os autores dizem: “E o que se diz da causa
eficiente vale também para a causa final. Quem afirma que ela atua enquanto
querida e desejada está falando metaforicamente, porque o desejo e o amor não
implicam uma ação efetiva. Ademais, não é possível
demonstrar que um evento qualquer tenha uma causa final. Não tem
sentido dizer que o fogo queima em função de um fim, posto que não é necessário postular um fim para que se tenha tal efeito”,
coloridos meus.
Pela
propriedade do não-finito TODAS as coisas opostas são complementares, isto é,
no diâmetro da esfera os opostos são definidos pelo mesmo centro. Assim sendo,
JÁ HÁ um Deus e já há uma Tela Final, onde está a Equação do Mundo, a plena
compreensão terminal de todos os elementos do Desenho de Mundo, mesmo que o ser
humano não saiba ver isso e até ache impossível conciliar.
Não
basta explicar sucessivamente as coisas em quatro ou cinco níveis, o penúltimo
sendo o da Ciência e o último e definitivo sendo o da Matemática, fechada em
todas as soluções mutuamente compatíveis, exatamente aquela EM. Não basta dizer COMO as coisas funcionam,
isto é, seus processos de consecução; é preciso dizer POR QUE elas funcionam,
explicar realmente.
Ademais,
estando já ELI, Ela/Ele, Natureza/Deus Insconsciente/Consciente desde sempre
presente, resulta que é da total liberdade de Deus, um dos seus não-finitos
atributos, conceder liberdade transitória ao desenho de mundo. Havendo dois
espaçotempos, um não-finito, onde cabem todos os outros, e vários finitos, que
são os transitórios, esses em transição, todos e cada um, recebem liberdade,
inclusive de compreender, que é sempre parcial e não-fechada na solução final,
a qual está unicamente na Tela Final.
Por
conseguinte a Causa Final é a mesma Causa Inicial.
Não
é um evento só que tem causa final; TODOS têm, pois a Causa Final foi a que
criou a Causa Inicial, e vice-versa – ouroboros, a cobra que engole o rabo.
E
é efetivamente necessário postular um fim, pois de outro modo não se saberia
como completar o par polar Natureza/Deus, que nos diz que o Acaso da Natureza
deve ser completado pela Necessidade de Deus. Todos os acasos da natureza
juntos perfazem ou refazem o único necessário de Deus.
Não
há senão aquilo que chamei de “apelo teleológico” ou chamamento teleológico,
desde o fim até o começo; as coisas convergirão NECESSARIAMENTE para a Causa
Final, que reinicia ou redispara os universos do Pluriverso geral do
espaçotempo de configuração.
PORTANTO,
se segue que a Causa Final existe, e é a mesma Causa Inicial. Ademais, todas as
causas intermediárias e todos os efeitos convergem ENQUANTO EXPLICAÇÃO,
enquanto fechamento de todas as soluções; de tal modo que do ponto único da
Causa Inicial, passando pela árvore de causefeitos mediadores e chegando à
Causa Final, tudo é uma e a mesma Causa e um e o mesmo Efeito. Para explicar
totalmente o fogo deve-se recorrer à plenitude da Tela Final, isto é, como a Causa
Finalinicial explica e realiza o fogo, desde as origens.
Daí
que ela não só existe de fato como é a causa de todas as causas intermediárias.
Vitória,
segunda-feira, 21 de outubro de 2002.
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