Caçadores
de Cabeças
No
livro As Profissões do Futuro, São Paulo, Publifolha, 2000, p. 57 o
autor Gilson Schwartz diz: “Essas questões estão presentes no cotidiano das
empresas de recrutamento (headhunting, ou caçadores de cabeças) e recolocação
(outplacement, que ajudam um trabalhador a encontrar uma empresa mais adequada
a seu perfil) ”.
O
que vem a nossa mente quando ouvimos a expressão “caçadores de cabeças” é
também o encolhimento delas. E deve bem ser isso que ocorre nas empresas,
porquanto, ao entrar numa delas o que se espera é rendimento PARA O LUCRO do coletivo
de trabalho, especialmente o dos patrões, visando então as empresas e seus
grupos, nunca as famílias e os indivíduos. A vida deste par (dito “pessoa
física”) é anulada, visando o favorecimento do outro par (dito “pessoa
jurídica”).
Os
indivíduos e famílias devem “SE ENQUADRAR’, isto é, virar quadro (grupal,
empresarial), quadrado, limitado, angular, reto, 90º de certeza, segundo as
convenções. Não é para serem imaginativos além dos marcos do lucro que os
indivíduos (e suas famílias) são contratados.
Eles
devem aceitar com resignação, pelo salário e outras vantagens, quer dizer, pela
sobrevivência, à qual tudo mais deve se subordinar, as sujeições e as reduções,
com resultados palpáveis e desastrosos para a humanidade, em termos de
contenção do potencial inventivo geral da humanidade. Tudo é focado num ponto,
o desejo grupal ou empresarial de prosperar nos termos mensuráveis de produção
e organização.
Ninguém
pensa em ampliar os indivíduos e suas famílias. Isso é deixado a cargo deles e
delas, SE NÃO ATRAPALHAR . Acontece que
todos esses indivíduos e famílias estão mergulhados no coletivo, restando em
soma zero para este os danos de personalidade tolhida, que são tantos, como
podemos ver nas psicopatias e nas sociopatias.
Por
parte dos governempresas deveria haver, então, um departamento conjunto de
ampliação das cabeças, das perspectivas das cabeças que são caçadas pelas
empresas e pelos governos para as tarefas internas e externas de umas e de
outros. O que corresponderia a gente que se preocupasse em investir na
diversificação de atividades dentro dos governempresas, em salas de debates, em
escolas, em museus, em bibliotecas, em fitotecas, no que fosse de
diversificação mental.
Vitória, quarta-feira, 09 de outubro de
2002.
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