domingo, 1 de janeiro de 2017


Caçadores de Cabeças

 

                            No livro As Profissões do Futuro, São Paulo, Publifolha, 2000, p. 57 o autor Gilson Schwartz diz: “Essas questões estão presentes no cotidiano das empresas de recrutamento (headhunting, ou caçadores de cabeças) e recolocação (outplacement, que ajudam um trabalhador a encontrar uma empresa mais adequada a seu perfil) ”.

                            O que vem a nossa mente quando ouvimos a expressão “caçadores de cabeças” é também o encolhimento delas. E deve bem ser isso que ocorre nas empresas, porquanto, ao entrar numa delas o que se espera é rendimento PARA O LUCRO do coletivo de trabalho, especialmente o dos patrões, visando então as empresas e seus grupos, nunca as famílias e os indivíduos. A vida deste par (dito “pessoa física”) é anulada, visando o favorecimento do outro par (dito “pessoa jurídica”).

                            Os indivíduos e famílias devem “SE ENQUADRAR’, isto é, virar quadro (grupal, empresarial), quadrado, limitado, angular, reto, 90º de certeza, segundo as convenções. Não é para serem imaginativos além dos marcos do lucro que os indivíduos (e suas famílias) são contratados.

                            Eles devem aceitar com resignação, pelo salário e outras vantagens, quer dizer, pela sobrevivência, à qual tudo mais deve se subordinar, as sujeições e as reduções, com resultados palpáveis e desastrosos para a humanidade, em termos de contenção do potencial inventivo geral da humanidade. Tudo é focado num ponto, o desejo grupal ou empresarial de prosperar nos termos mensuráveis de produção e organização.

                            Ninguém pensa em ampliar os indivíduos e suas famílias. Isso é deixado a cargo deles e delas, SE NÃO ATRAPALHAR . Acontece que todos esses indivíduos e famílias estão mergulhados no coletivo, restando em soma zero para este os danos de personalidade tolhida, que são tantos, como podemos ver nas psicopatias e nas sociopatias.

                            Por parte dos governempresas deveria haver, então, um departamento conjunto de ampliação das cabeças, das perspectivas das cabeças que são caçadas pelas empresas e pelos governos para as tarefas internas e externas de umas e de outros. O que corresponderia a gente que se preocupasse em investir na diversificação de atividades dentro dos governempresas, em salas de debates, em escolas, em museus, em bibliotecas, em fitotecas, no que fosse de diversificação mental.
                            Vitória, quarta-feira, 09 de outubro de 2002.

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