Calçadão de Ambientes
Conforme
eu já disse algumas vezes, outrora coloquei num texto que há seis ou sete anos
levei ao então secretário e hoje prefeito de Vitória, Luís Paulo Veloso Lucas,
a idéia de um enorme calçadão em Camburi, que custaria alguns bilhões de
dólares – um fantástico centro aberto de compras.
Aí,
andando com Gabriel por lá, soube que vão realmente fazer algo assim, embora
bem menor. Daí pensei em coisas mais ou menos fechadas, vários ambientes
pequenos no ambiente grande, formando círculos que excluem os de fora e
aproximam os de dentro. Com pequenos lagos, com creches, com bares voltados
para dentro, com poços de pesca, com banheiros, com jardins, verdadeiras praças
com um centro, com um foco das psicologias ao redor, para todas as pessoas
(indivíduos, famílias, grupos e empresas até), com quadras de esporte, algo
gigantesco mesmo.
Porque
os calçadões são abertos, aquelas coisas compridas que não juntam as pessoas;
as tornam estranhas e separadas, mais do que já são. Não fazem convergir as
psicologias ou razões ou almas ou humanidades parciais numa mais geral. Não
remetem à confiança e proximidade, antes à desconfiança e distanciamento. Não
há compartilhamento, partilhamento junto, divisão do pão a comer, partição e
repartição das dádivas. A promessa toda é linear e pontual, separadora,
exclusivamente masculina, sem ser nada plana e especial, feminina,
centralizada. Cada pessoa é uma flecha solta do nada para o nada, da vacuidade
para a vacuidade, o isolamento, a miséria e solidão.
Pelo
contrário, queremos convergência, con-sentimento, con-vers/ação, ação de
con-versar, versar juntos. Dividir preocupações, somar compreensões e
identidades. Precisamos da intervenção das (até agora listas) 22 tecnartes para
fazer esses ambientes íntimos, familiares, seguros, gostoso como o pão da vovó,
aquela grande mesa na qual sentaríamos todos para usufruir, como verdadeiros
irmãos e irmãs, da Criação.
Vitória,
quinta-feira, 05 de dezembro de 2002.
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