Assintotização do Progresso
O
país mais progressista (e não apenas o de maior progresso atual), o de maior
ímpeto diminuirá sua marcha, estancará e regredirá; é fatal, é dialético, é
ciclo inevitável. Podemos ver isso em todas as linhas geo-históricas: primeiro
há um crescimento lento, verdadeiro arrastamento, a que se segue em algum ponto
uma explosão de atividade, a exponencialização, um ponto de curva em cima, depois
certo platô, uma pausa, mais ou menos longa, um leve declínio inicial, depois
acentuado, até um ponto de assíntota.
SE
isso vai acontecer com todos, é apropriado preparar em vários lugares soluções
alternativas, financiar mesmo as revoluções, a heterodoxia que um dia
substituirá a ortodoxia como dominância, tornando-se depois a ortodoxia
seguinte, a aposta dos aproveitadores que antes contestavam.
Se
segue que todo conjunto sábio não matará suas fontes de progresso, suas vozes
dissonantes. Pelo contrário; as manterá sob observação tutelada, porque elas
não provaram ainda sua utilidade geral. Em algum momento as pessoas e os
ambientes começarão a aderir firmemente. Os chineses não liquidam imediatamente
os oponentes, porque é bom ter algum argumento para o caso de os ventos mudarem
de direção e sentido.
É
conveniente plantar muitas árvores, verdadeira floresta, porque não se podem
colocar os ovos todos no mesmo cesto. Fazer isso seria suicídio socioeconômico.
Certo grau de liberdade para a discussão do diverso não deve ser apenas
tolerado, deve ser estimulado, mesmo que em segredo, pois não queremos apenas que
esta ou aquela cidade progrida, queremos o progresso contínuo da espécie
humana. Qualquer governo verdadeiramente sábio espalhará parte de sua gente nos
países estrangeiros, à qual poderá recorrer eventualmente, em caso de emperramento
ou de chegada a um beco sem saída geo-histórico.
Vitória,
quarta-feira, 09 de outubro de 2002.
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