domingo, 1 de janeiro de 2017


Assintotização do Progresso

 

                            O país mais progressista (e não apenas o de maior progresso atual), o de maior ímpeto diminuirá sua marcha, estancará e regredirá; é fatal, é dialético, é ciclo inevitável. Podemos ver isso em todas as linhas geo-históricas: primeiro há um crescimento lento, verdadeiro arrastamento, a que se segue em algum ponto uma explosão de atividade, a exponencialização, um ponto de curva em cima, depois certo platô, uma pausa, mais ou menos longa, um leve declínio inicial, depois acentuado, até um ponto de assíntota.

                            SE isso vai acontecer com todos, é apropriado preparar em vários lugares soluções alternativas, financiar mesmo as revoluções, a heterodoxia que um dia substituirá a ortodoxia como dominância, tornando-se depois a ortodoxia seguinte, a aposta dos aproveitadores que antes contestavam.

                            Se segue que todo conjunto sábio não matará suas fontes de progresso, suas vozes dissonantes. Pelo contrário; as manterá sob observação tutelada, porque elas não provaram ainda sua utilidade geral. Em algum momento as pessoas e os ambientes começarão a aderir firmemente. Os chineses não liquidam imediatamente os oponentes, porque é bom ter algum argumento para o caso de os ventos mudarem de direção e sentido.

                            É conveniente plantar muitas árvores, verdadeira floresta, porque não se podem colocar os ovos todos no mesmo cesto. Fazer isso seria suicídio socioeconômico. Certo grau de liberdade para a discussão do diverso não deve ser apenas tolerado, deve ser estimulado, mesmo que em segredo, pois não queremos apenas que esta ou aquela cidade progrida, queremos o progresso contínuo da espécie humana. Qualquer governo verdadeiramente sábio espalhará parte de sua gente nos países estrangeiros, à qual poderá recorrer eventualmente, em caso de emperramento ou de chegada a um beco sem saída geo-histórico.

                            Vitória, quarta-feira, 09 de outubro de 2002.

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