segunda-feira, 9 de janeiro de 2017


Autonomia Buraramense

 

                            Burarama é distrito de Cachoeiro de Itapemirim e já falei várias vezes dela no modelo, nas posteridades e em outros lugares. Estava, como se diz, crescendo igual a rabo de cavalo, sempre para baixo, até que por vários motivos nos reunimos e o povo de lá autonomamente começou a buscar caminhos independentes. Pintaram casas, colocaram cestos de lixo, conseguiram melhorias, a instalação de DDD e DDI, uma quantidade impressionante de coisas, por meio das lideranças locais.

                            Além dos aplausos que o povo e as elites locais e os amigos de Burarama merecem ficou o seguinte: os governempresas devem estimular a autonomia das pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e dos ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundos). A questão toda é que tudo vai indo na direção e sentido da concentração de poderes, cada vez mais vastos, cada vez mais altos e isolados do indivíduo que está esmagado na base da pirâmide das realizações. Não é à toa que o movimento dos prefeitos pede que a representação seja local. Mais que municipal, deve ir até os distritos, porque, como já foi dito tantas vezes no modelo, o município/cidade é duplo, rural e urbano, devendo haver duas subprefeituras. Esse movimento de Burarama deve se espalhar no mundo inteiro, para recuperar o direito de pessoas terem iniciativas, contando ou não com verbas das prefeituras. Deveriam contar, até com um Departamento ou uma Secretaria, com tratores, com material de construção (uma casa ou depósito), com uma quantidade de técnicos e cientistas que ajudem o campo e os bairros da cidade, sem precisar passar por audiências com o prefeito (que, naturalmente, acompanharia de relativamente perto, através de prestações de contas semanais ou mensais). Se uma prefeitura só não pode, nem cinco, reúnam-se 10 ou 15, façam um Consórcio de Atendimento Rural, com participação dos governos estadual e federal.     

                            Aliás, o governo federal deveria instalar junto com os estados um Conselho de Atendimento ao Campo, com tecnocientistas de plantão, até com gente do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) inteiro, com endereços reais e virtuais, com interação com o mundo. O campo merece um superministério, gigantesco mesmo, porque não se trata de nos EUA ter ele apenas 4 % da população economicamente ativa. É que é a (disparado) maior parte do território e as pessoas fatalmente voltarão a ele. É preciso protegê-lo e estimulá-lo amplamente, sem cuidar de despesas (modo de dizer; claro que é fundamental controlar gastos). Eis o exemplo de Burarama levado ao mundo.

                           Vitória, segunda-feira, 02 de dezembro de 2002.

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