segunda-feira, 9 de janeiro de 2017


Apresentação de Cenários

 

                            Já falei de termos um programáquina que sobre os cenários filmados faça abstração em vários níveis de contraste e disse também outras coisas no modelo, nas posteridades, nas listas de patentes e idéias.

                            Agoraqui quero destacar que a apresentação deveria ser DUPLA, isto é, tanto VIRTUAL quanto REAL. A real seria secundada por indicações de detalhes, remetendo como nos hiperlinks a outros tratamentos que podem ser conduzidos pelo controle remoto. Vistas explodidas mostrariam as partes separadas e como se encaixam para formar o todo. Conforme o texto Métrica de Cenários, deste Livro 14, deveríamos ter inserção de duas escalas, as mais em voga, bem como mostrar outros objetos, para efeito de comparação. Numa construção deveríamos mostrar os encanamentos, os conduítes, tanto as partes INTERNAS quanto as EXTERNAS, revelando a participação das (até agora 22 citadas) tecnartes do corpo. E assim por diante. E é um cenário de que parte da pontescada? Veja o pedido do artigo Monumentos da Pontescada, também neste Livro 14.

                            Os cenários até hoje vistos não permitem muita variação, eles são estáticos, não-dinâmicos, não-cruzados, não permitem investigação nem aprofundamento, continuam como antes da Internet e dos DVD e CR-ROM não-biunívocos, não-interativos. APRISIONAM nossas mentes, que devem seguir as trilhas dos produtores e diretores da construção do cenário, da vista, quer dizer, OBEDECER AUTOMATICAMENTE O PONTO DE VISTO DO CONFECCIONADOR. Os cenários poderiam desde faz algum tempo serem ricos, muito mais produtivos e reprodutivos que antes. Poderiam EMANAR consideravelmente mais.

Na verdade, dentro de um filme poderiam existir vários. Que tal se um mesmo filme (não poderá ser sempre assim, porque custaria proibitivamente caro) fosse feito por cinco ou oito diretores diferentes, explorando diferentes lados da estória ou roteiro ou script? Um mesmo filme feito em oito DVD, com oito enredos diferentes abordando a mesma psicologia? Por quê não? A humanidade não tem maturidade e sensibilidade e refinação para tal? Como as coisas humanas são paradas, Deus do Céu! Vamos multiplicar isso aí, gente!

                            Um documentário poderia mostrar o universo, o superaglomerado, o aglomerado, a galáxia, a constelação, o sistema solar, a Terra vista de fora, o continente (América do Sul), o país (Brasil), o estado (Espírito Santo), o município (Cachoeiro de Itapemirim) e finalmente o distrito, Burarama, como já sugeri fazer, e então as montanhas do lugar. Poderia mostrar a altura em relação ao mar, a posição em relação às cidades e vilas próximas, a altura das casas mais afastadas em relação ao centro do Patrimônio, como o vilarejo é chamado – tanta coisa. Como são feitos são tremendamente aborrecidos, não emocionam mesmo.

                            A humanidade tem a dádiva de ter um universo inteiro criado (mesmo que não seja apenas para ela) e não se dá conta de sua riqueza. Trata tudo com tanta desconsideração que é mesmo de espantar. Ao mostrar uma sala não foca no aparelho de som, desdobrando-o em seus componentes. Nunca diverge, nunca faz nada de muito diferente, de inesperado, fora alguns filmes que destoam um pouco e são porisso mesmo motivo de satisfação maior, como o Corra, Lola, Corra. Fora alguns é sempre aquela mesmice de arrasar.

                            As partes do cenário não recebem atenção especial.

                            Um documentário segue sempre a mesma trilha, a do diretor, quando poderiam estar sendo contadas várias estórias que se entrecruzassem, porque os documentários, diferentemente dos filmes comerciais, não têm tempo para acabar.

                            Em resumo: que novo olhar podemos lançar sobre os cenários? Como podemos des-construí-los de sua pequenez passada para sua grandeza futura? Não é uma pergunta que se responda em cinco anos.

                            Vitória, sábado, 30 de novembro de 2002.

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